Empresários da linha branca fecham acordo verbal com governo para não demitir

17/04/2009 - 18h11

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A expectativa do governo federal com o anúncio da redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre geladeiras, máquinas de lavar, fogões e tanquinhos é de aumentar as vendas desses produtos e de manter os empregos no setor. A afirmação foi feita hoje (17) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em São Paulo.“Há um compromisso dos varejistas e dos produtores para que isso [a redução do IPI] seja transferido para o produto, que haja uma redução dos preços no produto. É muito importante para nós que o beneficiado seja o consumidor e o trabalhador. O consumidor vai encontrar um preço melhor para fazer sua aquisição e vai estar garantindo o emprego daqueles que produziram aquele produto”, disse o ministro.Antes do anúncio da redução do IPI, Mantega reuniu-se com representantes das centrais sindicais, das grandes redes varejistas e de fabricantes de produtos da chamada linha branca para tentar garantir que não houvesse demissões no setor. O acordo foi fechado apenas verbalmente, segundo o ministro.  O diretor executivo das Casas Bahia, Michael Klein, disse que demitir pode ser temerário em função da expectativa de elevação nas vendas com a isenção do imposto. “À medida que as vendas vierem, vai se precisar de gente para vender. Então, não tem como você dispensar se vai aumentar a venda. Dando resultado, vai gerar até mais emprego”, disse.Para o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, “há uma expectativa muito grande de que as vendas realmente acelerem e que a gente possa manter empregos e até fazer com que eles cresçam”. Mantega anunciou hoje que, pelo prazo de três meses, a alíquota de geladeiras cairá de 15% para 5%; e de máquinas de lavar, de 20% para 10%. Fogões, que têm alíquota de 5% e tanquinhos, de 10%, ficarão isentos do imposto. A medida vai valer também para os produtos em estoque, que serão refaturados pelos varejistas por meio de novas notas fiscais. “As empresas que possuem estoque vão refaturar, como se devolvessem o produto, fazendo nova nota de venda, com IPI reduzido”, explicou o ministro. O presidente da Força Sindical, deputado PauloPereira da Silva (PDT-SP), também destacou a possibilidade de aumento nas vendas e, conseqüentemente, a chance de manter os empregos e até mesmo de efetivar novas contratações. “Se pegarmos uma geladeira que custa R$ 1 mil e termos uma redução de R$ 100, esse é um incentivo razoável para as pessoas comprarem. Acredito que vai crescer [a venda] e aumentar os empregos nesse setor”, disse. Além da redução no IPI, o governo também anunciou que pretende melhorar as condições de crédito das financeiras do setor varejista, ampliando as formas de financiamento concedidas ao consumidor. A medida foi comemorada pelas redes varejistas.“O governo não sabia que a gente tinha financeira direta e que nós somos responsáveis pelo crédito. À medida que eles colocam dinheiro direto nas financeiras, ele chega direto no consumidor final”, disse a dona da rede de lojas Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano.Ela aprovou a redução do IPI para os produtos de linha branca. “A máquina de lavar é um bem social. Onde já se viu ela ter 20% de IPI? Uma dona de casa operária que tem uma máquina diminui três horas de serviço”, afirmou.