Crédito para agroindústria agrada ao setor, mas produtores temem burocracia no acesso a recursos

17/04/2009 - 16h02

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O anúncio das linhas de crédito paraa agroindústria, que totalizam R$ 12,6 bilhões e jáforam aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), foibem recebido pelos representantes do setor. “Essa medida me agrada,porque mostra que o governo federal está preocupado com osetor do agronegócio”, afirmou o presidente da SociedadeRural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho.O grande desafio “é fazer o dinheirochegar aonde precisa chegar", pois, muitas vezes, o excesso deburocracia dificulta o acesso ao financiamento, ressaltou Ramalho ementrevista, por telefone, à Agência Brasil,enquanto cumpria agenda de compromissos no Rio de Janeiro.Ramalho disse que muitos dos que precisam dosrecursos estavam “alavancados” – tinham feito bonsinvestimentos para execução de seus empreendimentos,mas acabaram afetados pela crise financeira internacional. Opresidente da SRB destacou que a escassez de crédito temdificultado sobretudo a situação no setorsucroalcooleiro, que fez grandes investimentos nos últimosanos e agora sofre com a falta de capital de giro.Segundo Ramalho, houve queda de demanda no mercadoexterno, atingindo em especial os frigoríficos, em que o recuono volume exportado ficou em torno de 50%. “Entre os principaiscompradores que reduziram encomendas está a Rússia. Éum dos países que enfrentam mais dificuldades, porque tinha oseu fluxo de caixa apoiado na conta petróleo”, afirmou.Já a indústria processadora decarne, que tem negócios mais voltados ao mercado interno, nãovem enfrentando problema de vendas. De acordo com Ramalho, osruralistas aguardam com expectativa o anúncio dos recursosdestinados ao financiamento da safra 2009/2010 e, apesar dos efeitosda crise, acreditam que possa haver aumento do crédito emtorno de 15 a 20%.Para a economista Amarilis Romano, da empresaTendências Consultoria Integrada, o crédito anunciadoajudará a minimizar o problema da falta de liquidez nomercado. Para Amarilis, a eficácia depende da formacomo serão distribuídos esses valores. “A oferta decrédito é boa se for dirigida a todos os que necessitamde recursos na área da agroindústria, sem detrimentodeste ou daquele segmento”, destacou a economista. Ela disse aindaque as empresas do setor não têm enfrentado queda dedemanda no mercado interno.