Funarte estima que Brasil tenha 500 grupos circenses

27/03/2009 - 16h48

Akemi Nitahara
Repórter da Rádio Nacional
Brasília - Estimativa da Fundação Nacional de Artes (Funarte), órgão ligado ao Ministério da Cultura, aponta que existam no Brasil 500 circos de pequeno, médio e grande porte. Para determinar esse número com precisão, a Funarte realiza um censo que deve terminar ainda este ano.Ocoordenador da área de circo da fundação, Marcos Teixeira, diz que oBrasil passa por uma ótima fase. “Eu acho que é um bom momento para ocirco no Brasil, se você for notar, tudo tem circo no meio, os anúnciosde televisão, os espetáculos teatrais, de dança, tudo tem circo,envolve técnicas circences e tudo mais”.A coordenação de circolança editais para fomento, compra de lonas, criação de novos números epesquisa, além de oferecer capacitação na área de gestão e manter aEscola Nacional de Circo, no Rio de Janeiro.O Brasil comemora hoje (27) o Dia Nacional do Circo. A data homenageia Piolin, nascido em 1897, um dos primeiros e maiores palhaços do Brasil.Atualmente, o país conta com muitos artistas de circo. Mas a vida e o trabalho deles nem sempre são um espetáculo. Criado em ambiente circense, Thiago Medeiros, 27 anos, trabalha como palhaço desde os 13.Atualmente no Circo Europeu, ele diz que muitas vezes falta espaço atépara armar a lona. “A maior dificuldade da vida de circo é que muitagente não dá apoio. Chegar num canto que o pessoal àsvezes não gosta de circo.”Ancomárcio Saúde, do Circo TeatroArtetude, diz que também falta apoio. “Ainda sofremos com falta deapoio, de reconhecimento de alguns órgãos, ou mesmo de algunspatrocinadores.”Palhaça há cinco anos, Erika Mesquita, da companhia Circo Rebote, diz que o apoio do governo melhorou, mas ainda é muito pouco.“Elesfazem essa distinção entre o tamanho da companhia, qual é o tipo decompanhia, se é itinerante, mas mesmo assim, até para esses circos quesão enormes, é uma parcela muito pequena que eles destinam pro circo.Se você for comparar com as companhias de dança e de teatro, aporcentagem que é destinada ao circo é sempre muito baixa. Mas euacredito que a gente vai conseguir galgar valores maiores daqui prafrente”. O Circo Rebote é formado por Erika e seu companheiroAtawalpa Coello. A filha do casal, Iacy, de 7 anos, já participa dosespetáculos e pretende seguir a carreira dos pais. “Eu faço perna depau, tecido e lira. Eu quero ser uma palhacinha quando crescer.”Opalhaço Thiago Medeiros, do Circo Europeu, diz que gosta da vida nocirco. “Para quem é acostumado é bom. Para mim, que nascino circo, ou para muitas crianças que nasceram no circo, é bom”.O Circo Europeu já está na sexta geraçãode artistas da família. O relações públicas Carlos Santos Sobrinho,também nascido no circo, lembra que as dificuldades e burocracias sãomuitas.“Ver terreno, arrumar o local, ver na prefeitura, vem osdireitos autorais, o Ecad, sindicato dos artistas, corpo de bombeiros,tem que ter umafirma, vem o meio ambiente, Defesa Civil... São as burocracias queexistem, e isso aí que está fazendo com que o circo acabe.”Elediz que o único benefício que o artista circense tem é o direito de osfilhos frequentarem as aulas nas escolas públicas onde o circo passa. “É a única coisa quefunciona para nós, do circo. Fora isso nós não temos um sindicato,não temos com quem reclamar, não tem praça para armar mais circo, vocêtem que partir para um particular, shopping, mas é caríssimo. Tambémisso prejudica e o circo vai se acabando cada vez mais”.Luciano Porto, do Circo Teatro Udi Grudi, diz que o circo e o palhaço são necessários para a saúde da sociedade.“Euacho que cada vez se precisa mais de palhaços hoje em dia, paracontrabalancear todo o baixo astral desse mundo inteiro. O palhaçocuida da saúde da sociedade, porque rir é o melhor remédio. Então opalhaço é uma profissão que tem que ser respeitada e hoje, mais do quenunca, é mais do que necessário existirem palhaços.”