Petroleiros negam fim da greve e alertam para riscos de acidentes

25/03/2009 - 22h51

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretor do Sindicato dos Petroleiros do Estado de São Paulo e tesoureiro da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Antônio Carlos Spis, disse que o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli está iludido quanto à possibilidade de a greve dos petroleiros iniciada na última segunda-feira (23) terminar amanhã (26). Gabrielli fez a previsão do fim do movimento em audiência pública hoje (25), na Câmara dos Deputados. “A Petrobras está tendo uma política de economia de clips e mexendo com uma categoria explosiva. Nós não estamos brincando nessa greve”, avisou o fundador e ex-coordenador nacional da Federação Única dos Petroleiros (FUP). “Se não tiver proposta que a categoria possa avaliar, não tem avaliação. A FUP vai chamar uma assembléia para avaliar o quê?”“Se a Petrobras continuar radicalizando contra a greve com medidas autoritárias é quase que certeza que essa greve continua”, disse Spis. Ele também afirmou que a empresa “está coagindo” os trabalhadores a abandonarem os terminais e passar as operações a “pessoas desabilitadas e destreinados”, que a Petrobras chama de “equipes de contingência”, afirmou o sindicalista. Segundo Spis, há riscos de aumento de acidentes de trabalho com as equipes de contingência. “São pessoas que, mesmo sendo petroleiras aposentadas há dois ou três anos, não têm mais habilidade. Só quem operacionaliza com segurança são os petroleiros que estão ali, dia a dia”, disse. De acordo com o sindicalista, a maior empresa brasileira mantém desde 1998 uma média de duas mortes por mês devido a acidentes de trabalho. “A Petrobras mata muita gente trabalhando. Pode até explodir uma unidade nossa”, afirmou, assinalando a “responsabilidade” do governo e da empresa.Spis disse que a Petrobras não apresentou qualquer proposta, nem sobreo à principal reivindicação da categoria, o pagamento para todos os petroleiros (independente do tempo de empresa) de horas extras nos dias de feriados trabalhados, “o que chamamos de extra-turno ou viradinha como eles dizem”. “O trabalhador turneiro não tem folga no fim de semana, quando o dia de trabalho dele cai num feriado, ele tem o direito de receber o dia normal de trabalho e mais o 100%”, explicou.Conforme Spis, a remuneração é praticada desde a década de 1960. “A Petrobras está cortando um direito histórico, um direito adquirido”, reclama apontando que a empresa não esboça sinal de que esteja disposta a negociar a decisão. “A categoria está radicalizada neste ponto principalmente”, destaca.De acordo com o site da CUT, os petroleiros também querem “estabelecer o regramento e distribuição justa da participação nos lucros e resultados; acabar com a precarização das condições de trabalho e os acidentes; e garantir postos de trabalho nas empresas contratadas pela Petrobras”. Spis disse ainda que a empresa está usando um recurso jurídico chamado “interdito proibitório”, expedido pela Justiça do Trabalho, que impõe multas aos sindicatos por causa da mobilização de integrantes do movimento em setores da empresa. O líder sindical descarta que a greve possa inviabilizar qualquer redução de preço da gasolina.Conforme o site da CUT, “das 11 refinarias e quatro unidadesindustriais, seis estão totalmente sob responsabilidade das equipes decontingência da Petrobras”.