Redução nos casos de tuberculose é insuficiente para erradicar doença, alerta OMS

24/03/2009 - 19h23

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Embora positiva, aqueda de cerca de 1% ao ano no número de casos de tuberculoseno mundo é muito lenta. A avaliação foi feitahoje (24) pelo diretor do departamento de Combate àTuberculose da Organização Mundial da Saúde(OMS), Mario Raviglione.Ele apresentou, nacapital fluminense, o 13º Relatório sobre o ControleMundial de Tuberculose durante o 3º Fórum Mundialde Parceiros Stop TB.“Esta queda étão lenta – menos de 1% ao ano – que se continuarmos nesseritmo não teremos erradicado a doença nem no próximomilênio”, disse Raviglione.De acordo com o médico,o número de casos de tuberculose no mundo vem caindo, desde2004, como resultado de algumaspolíticas públicas nos países mais afetados peladoença.O médico tambémdestacou que, segundo o documento, um terço dos casosestimados de tuberculose não são notificadosoficialmente, o que significa um grande número de pessoas infectadas semtratamento, levando ao aumento dos casos da formamais grave e recente da doença. “Estáocorrendo o aumento do número de casos XDR [sigla que vemdo nome Extensive Drug Resistant], modalidade resistente àmaior parte dos antibióticos disponíveis e que mata, namaioria dos casos”, informou o diretor.De acordo com orelatório, são mais de 500 mil novos casos por ano nomundo de infectados pelo bacilo XCR. Os cinco países com maiornúmero de casos da tuberculose ultra-resistente sãoÍndia (131 mil), China (112 mil), Rússia (43 mil),África do Sul (16 mil) e Blangadesh (15 mil).O Brasil está entre os 55 países que detectaram aversão da tuberculose que é praticamente incurável.Três casos da doença foram registrados no Rio de Janeiroe os pacientes morreram, segundo Draurio Barros, diretor do ProgramaNacional de Combate a Tuberculose do Ministério da Saúdedo Brasil.Para conter o avançoda doença, resultado do mau uso de medicamentos, da falta detratamento ou o seu abandono antes da cura, a OMS agendou para o dia1º de abril, uma reunião em Pequim. No encontro,autoridades e ministros da saúde de vários paísespretendem garantir compromissos e financiamento de combate àtuberculose fármaco-resistente. O levantamentodivulgado hoje também apontou que o número de pessoasinfectadas com o vírus da Aids que morrem de tuberculose éainda maior do que se havia estimado em estudos anteriores. Em 2007,ocorreram com 456 mil mortes por tuberculose entre pessoas com HIV,cerca do dobro registrado no ano anterior.Raviglione, ressaltou,no entanto, que a ampliação da estatística nãoreflete propriamente o avanço das mortes pela doençanesse grupo de pessoas, mas também o aumento de testes de HIVem pessoas com tratamento de tuberculose, sobretudo na África. Outra informação destacada no relatóriofoi a escassez de financiamento para os 94 países queconcentram 93% dos casos de tuberculose.Segundo o diretor doFundo Mundial de Combate a Malária, Tuberculose e HIV, MichelKazatchkine, em 2009 faltarão cerca de US$ 1,6 bilhãoem investimentos para o tratamento de tuberculose por parte do Fundo. “Temos estimados US$ 3 bilhões para investir no combateà Malária, HIV e Tuberculose. Precisaríamos depelo menos US$ 4 bilhões. É tão pouco comparadoao que já foi gasto para recuperar instituiçõesfinanceiras nos últimos meses!”, lamentou o diretor.Deacordo com ele, em 2010, o déficit de investimentos do fundodeve chegar a quase US$ 5 bilhões.Kazatchkine alertou queo financiamento na saúde não deve ser visto como umgasto, mas como um investimento e elogiou a decisão do governobrasileiro, anunciada ontem (23) pelo Ministro da Saúde JoséGomes Temporão, de não cortar recursos para a saúde,apesar da crise financeira mundial.