Índios libertam três pessoas mantidas reféns em reserva no Paraná

24/03/2009 - 9h34

Lúcia Norcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - Foram libertados ontem (23), por volta das 22h, os dois funcionários da Companhia Paranaense de Energia (Copel) mantidos reféns desde a última quinta-feira (19) por índios da etnia Kaingang da Reserva Barão de Antonina, em São Jerônimo da Serra, no norte do Paraná.José Almir Torres Quintanilha, e seu irmão, Valmiron Torres Quintanilha, foram feitos reféns quando faziam o trabalho de inspeção de rotina na aldeia. O antropólogo Alexandre Húngaro da Silva foi ao local no dia seguinte tentar uma negociação e também foi impedido de deixar a reserva. Ele também foi liberado pelos índios.Segundo a assessoria de imprensa da Copel, os indígenas disseram que a ação era uma forma de garantir o prosseguimento das negociações com a estatal para o pagamento de indenização pelo uso de terras da reserva, na qual estão instaladas 14 torres de transmissão de energia. A companhia paga R$ 25 mil por mês pelo uso da reserva, e, segundo a assessoria, o pagamento não está atrasado.Os reféns foram libertados após a ida até a aldeia de dois técnicos da Fundação Nacional do Índio (Funai). Eles levaram um documento garantindo a antecipação para a tarde de hoje, de uma reunião em Londrina para tratar do assunto, que estava agendada para amanhã (25). Participam do encontro representantes da Copel, do Ministério Público Federal e da Funai. O impasse teria começado porque essa reunião, anteriormente agendada para o último dia 18, foi cancelada. Os índios não foram informados sobre isso e compareceram ao local marcado. Valmiron Torres Quintanilha disse hoje à Agência Brasil que foi bem tratado e que não sofreu nenhuma violência física. “Apenas ameaçavam a gente, mas entendo que eles lutavam pelo que acreditam ser o direito deles”. Ele contou que durante os cinco dias em que ficaram reféns foram obrigados a fazer várias ligações clandestinas dentro da aldeia. “Ficávamos com receio de acontecer alguma coisa com a gente porque era toda a comunidade decidindo, eles não ouviam mais o que o cacique dizia. Todas as propostas eram analisadas e as decisões tomadas após muita discussão entre eles”, lembrou Quintanilha.Ele disse que já está pronto para voltar ao trabalho hoje, mas que seu irmão, José Almir Torres Quintanilha, está muito assustado e pretende voltar para o interior de Goiás com a família. “Lá é mais tranqüilo. Aqui estamos vivendo numa área de muita tensão. Mas, graças a Deus, rezamos muito e tudo acabou bem.”