Setor de reciclagem espera apoio do governo para manter empregos

23/03/2009 - 16h25

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em janeiro deste ano,as grandes montadoras empregavam 126.188 trabalhadores, segundo aAssociação Nacional dos Fabricantes de VeículosAutomotores (Anfavea). Entre outras razões, elas conseguirammanter esses postos de trabalho graças à decisãodo governo federal de reduzir o Imposto sobre Produto Industrializado(IPI) na venda de veículos. A exemplo da indústriaautomobilística, o setor de reciclagem também esperareceber apoio do governo para manter o atual número deemprego. De acordo com o Compromisso Empresarial pela Reciclagem(Cempre), o mercado de resíduos sólidos emprega 800 milcatadores em todo o país.O perfil dostrabalhadores do setor de reciclagem é de difícilempregabilidade em outros setores. “Tenho aqui jovens analfabetos,idosos, gente que veio do interior [ só conhecem a lavoura]e até mesmo pessoas em liberdade condicional”, diz SandraRegina Castela, tesoureira da Cooperativa de Coleta Seletiva daCapela do Socorro, em São Paulo, ao falar sobre a expectativado segmento de receber apoio do governo para manter o nível deemprego.Para o economista PedroZuchi, professor do Centro de Estudos em Economia e Meio Ambiente daUniversidade de Brasília (Cema/UnB), o setor da reciclagem éfundamental para a sociedade. Além da capacidade de absorvertrabalhadores com menor qualificação e de baixaescolaridade, destaca Zucchi, ele também contribui para asociedade crescer de forma mais equilibrada, destaca.O economista avalia queé preciso reavaliar as estratégias governamentais deincentivo tributário. “A gente precisa rever qual aimportância de geração de mais monóxido decarbono, de mais veículos no mercado. A indústriaautomobilística leva, mas os pequenos não conseguemacessar [os incentivos fiscais]”.A opinião doacadêmico é compartilhada pelas pessoas que trabalham nosetor. Ed Paulo Leonaldo Gomes, que compra, beneficia e revendematerial reciclável, afirma que costuma ser bitributado quandovende a mercadoria para fora do Distrito Federal. “Quem deveria serisento de impostos é o setor de reciclagem, porque empregamuita gente e ainda contribui com o meio ambiente.”Desde de 1991, tramitana Câmara dos Deputados projeto de lei para regulamentar asatividades de reciclagem. No ano passado, um grupo de trabalhoconsegui elaborar uma versão preliminar da PolíticaNacional de Resíduos Sólidos. Apesar do avançonas discussões, o texto aguarda iniciativa parlamentar egovernamental para ser encaminhado definitivamente à votação.