Vaticano critica excomunhão de médicos no caso de aborto de menina de 9 anos

15/03/2009 - 11h26

Da Agência Brasil

Brasília - O presidente daAcademia Pontifícia para a Vida em Roma, Monsenhor RinoFisichella, condenou a excomunhão dos médicos quefizeram o aborto na menina de 9 anos, estuprada pelo padrasto no interior de Pernambuco. Segundoele, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José CardosoSobrinho, foi apressado e deveria ter se preocupado primeiro com amenina."Sãooutros que merecem a excomunhão e nosso perdão, nãoos que lhe permitiram viver e a ajudarão a recuperar aesperança e a confiança, apesar da presença domal e da maldade de muitos", escreveu em artigo publicado pelojornal da Santa Sé, o OsservatoreRomano, segundo a BBCBrasil. Monsenhor Fisichella é considerado um dos mais próximoscolaboradores do papa Bento XVI e a maior autoridade do Vaticano embioética."O caso ganhouas páginas dos jornais somente porque o arcebispo de Olinda eRecife se apressou em declarar a excomunhão para os médicosque a ajudaram a interromper a gravidez. Uma história deviolência que, infelizmente, teria passado despercebida se nãofosse pelo alvoroço e pelas reações provocadaspelo gesto do bispo."MonsenhorFisichella disse ainda que a excomunhão atinge a credibilidadeda Igreja Católica."Era maisurgente salvaguardar a vida inocente e trazê-la para um nívelde humanidade, coisa em que nós, homens de igreja, devemos sermestres. Assim não foi e infelizmente a credibilidade de nossoensinamento está em risco, pois parece insensível e semmisericórdia", escreveu.Ele aindajustificou a atitude dos médicos que, em sua opinião, merecemrespeito profissional."Como agirnesses casos? É uma decisão difícil para osmédicos e para a própria lei moral. Não épossível dar parecer negativo sem considerar que a escolha desalvar uma vida, sabendo que se coloca em risco uma outra, nunca éfácil. Ninguém chega a uma decisão dessasfacilmente, é injusto e ofensivo somente pensar nisso."Deacordo com o presidente da Academia Pontifícia para a Vida, oaborto não espontâneo sempre foi e continua sendocondenado com a excomunhão, que é automática.”Não era, portanto, necessária tanta urgênciaem dar publicidade e declarar um fato que se atua de formaautomática, mas sim um gesto de misericórdia."