Lula diz que prioridade de países ricos não pode ser salvar bancos quebrados

12/03/2009 - 23h44

Luana Lourenço
Enviada Especial
Porto Velho - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (12) que vai defender a “normalização do credito internacional” e a criação de bancos públicos durante a reunião com o presidente norte-americano Barack Obama, no próximo sábado (14), e no encontro com países do G20, em abril.  “A prioridade número um não é ficar colocando dinheiro em banco que está quebrando, é a gente assumir a responsabilidade de normalizar o crédito internacional para as empresas e para o povo que quer tomar dinheiro emprestado. E o crédito normalizado significa que alguns países vão ter que assumir a criação de bancos públicos”, afirmou.O presidente pretende apresentar os bancos públicos brasileiros, entre eles o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), como possíveis modelos para os países. Lula reiterou que não pretende cortar investimentos públicos por causa da crise financeira internacional. “Continuo o mais otimista dos seres humanos em relação à crise. Enquanto alguns choram, acho que ela é a oportunidade para produzir mais e melhor. Não vamos ficar parados. Vou anunciar mais obras, mais estradas, mais portos, mais rodovias e mais políticas sociais”, disse. Ao comentar a redução de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros ( Selic), anunciada ontem (11) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), Lula disse que o problema não está na dimensão da queda decidida pelo Copom.  “O nosso problema hoje não é Copom decidir por 1,5 ou 2 [pontos percentuais], o problema que afetou o Brasil é que temos uma escassez de crédito no país, ou seja, o dinheiro desapareceu”, afirmou. Em discurso durante a entrega de escrituras em um bairro popular de Porto Velho, Lula voltou a criticar o fim da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que, segundo ele, vai fazer falta agora diante da previsão de queda na arrecadação. “Tiraram R$ 38 bilhões para a gente investir em saúde. Agora os prefeitos vão ver como vai fazer falta esse dinheiro que perdemos. Porque vai diminuir a arrecadação. E se diminui a arrecadação federal, também cai a dos estados e municípios”, disse. Lula esteve em Porto Velho para visitar os canteiros de obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira. Em discursos ao longo do dia, o presidente lembrou as dificuldades ambientais e até judiciais para a aprovação das obras e defendeu mudanças na legislação para facilitar o andamento de grandes projetos. “Se um governo quiser fazer uma obra grande, ele não consegue fazer em quatro anos. Vamos ter que fazer mudanças na regulação dessas coisas, porque parece que é tudo feito para impedir as obras, é tudo um martírio. Essa é uma coisa que eu quero ver se facilito para que quem vier depois de mim possa encontrar um governo com mais agilidade”, afirmou.