Ritmo de demissões pode ser menor no primeiro trimestre de 2009, avalia CNI

12/03/2009 - 18h49

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ritmo de demissõesno primeiro trimestre de 2009 deverá ser menor que oregistrado no último trimestre de 2008, de acordo com aavaliação da Confederação Nacional daIndústria (CNI), que realizou uma pesquisa ouvindo 431empresas. De acordo com oeconomista Flávio Castelo Branco, gerente executivo da CNI,apesar de 36% dos empresários pesquisados afirmarem queainda pretendem demitir ou cancelar terceirizaçõesdevido aos impactos da crise financeira mundial no Brasil, essepercentual é menor que o registrado no último trimestrede 2008.“Grande parte doajuste foi feita quando os empresários perceberam que haviamenor demanda mundial por seus produtos, menor nível deprodução seria exigido e deliberaram um processo deajuste mais curto, mas imediato, buscando novo nível deprodução. Nossa expectativa é que o ano de 2009,principalmente o primeiro semestre será de busca de equilíbriode produção. Será em um patamar abaixo do quevinha sendo praticado, mas há sinais um pouco mais fracos deaprofundamento da crise”, disse.Para Castelo Branco, muitas empresas ainda procuram ajustar emprego e produção. “Háainda um processo de ajuste ao longo desse semestre,empresas que estão buscando seu nível de ajuste. Mas emoutras, esse processo já foi completado”, afirmou. Entre as empresasouvidas, de  4 a 11 de março, 75 eram de grandeporte, 147 eram médias e 209 de pequeno porte, distribuídasem todos os estados e abrangendo 30 setores industriais. Das empresasconsultadas, 80% responderam que demitiram ou adotaram alguma açãoem relação aos seus empregados motivadas pela crisefinanceira internacional. Entre as ações estãoa suspensão de terceirizações ede contratações planejadas, férias coletivas eadoção de banco de horas. Na opinião do presidente da CNI,Armando Monteiro Neto, a tênuereversão na atitude das empresas não significa que acrise está passando. Ele avaliou que a recuperação daeconomia mundial e a conseqüente recuperação daeconomia brasileira só deverá ocorrer a partir de 2010.Armando Monteiro alerta para uma possível estagnaçãodo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto – soma de toda riquezado país). “O mundo estápior e o Brasil também está pior. Isso demonstra que ateoria do descolamento [que diz que o Brasil está imune àcrise] é frágil. O comércio internacional estácaindo e no, último trimestre de 2008, não só aindústria caiu como também o setor de serviços.Todos os analistas concordam que a retomada da economia dificilmentese dará em 2009. Todos concordam que essa retomada decrescimento só poderá se dar a partir de 2010", afirmouArmando Monteiro Neto reafirmou que a economia brasileira vai sentir os efeitos da crise internacional durante todo o ano de2009. "Será um ano difícil para o mundo e para o Brasil.Existem países que estão sentindo muito e outros queestão sentindo menos. O Brasil está nesse segundogrupo. No entanto, crescer menos pode significar crescimento zero doPIB”, disse.Segundo ele, o que ainda nãoestá claro sobre o comportamento da indústria éo desempenho do primeiro trimestre de 2009 em relaçãoao último trimestre de 2008. “Cabe ainda fechar os númerosde março. Se houver retração em relaçãoao último trimestre de 2008 teremos já um ambiente derecessão técnica. Sabemos que o primeiro trimestre de2009 será pior que o mesmo período de 2008”,explicou.As expetativasdivulgadas hoje (12) pelo Banco Mundial levam para uma reduçãodo PIB mundial, em 2009, que poderá ficar entre 1 ou 2 pontos.“Há dois meses a expectativa era que o mundo ainda pudessecrescer. Agora já há uma avaliação decrescimento negativo do PIB global. Nessa análise, os paísesemergentes estão considerados e são aqueles que aindapodem ter desempenho positivo. Esse resultado será muitonegativamente afetado pelo desempenho dos países centrais. Euespero que o Brasil ajude o mundo a garantir que não tenhamosum crescimento do PIB global negativo. Mas certamente, com essaconjuntura internacional é muito difícil acreditar queo Brasil possa ter um crescimento positivo nesse ano”, afirmou.