PF diz que pasta base para o crack se espalha pelo interior

12/03/2009 - 8h23

Mariana Jungmann*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apercepção de que as rotas do tráfico de drogasse direcionam cada vez mais para o interior do país tem feitoa Polícia Federal inaugurar novas delegacias em cidadesmenores e mais afastadas dos grandes centros.

Segundoo delegado Marcello Diniz Cordeiro, chefe da divisão deoperações e repressão a entorpecentes da PF, atendência vem sendo observada há alguns anos. "Éalgo que se vê em grandes operações eapreensões”, afirma.

Asrotas incluem principalmente tráfico de cocaína em póe de pasta base de cocaína, usada para fabricar o crack e amerla. Osdados da PF demonstram que só as apreensões de pastabase aumentaram de 320 quilos em 2006 para 1,1 tonelada em 2007. Nessemesmo período, as apreensões de crack passaramde 145 quilos para mais de 578 quilos.Entretanto,para o delegado Victor CésarSantos, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes(DRE) da PF do Rio de Janeiro, as apreensões de crack no paíssão subestimadas por uma questão técnica, poisem muitos casos os policiais, na hora do registro, classificam adroga apenas como cocaína, que é a substânciaativa.Opolicial não apreende como crack, que na verdade é onome de mercado da droga. Então tem que se levar em conta quecerca de 40% da cocaína apreendida no Brasil na realidade écrack”, afirma o delegado, lembrando que, em 2007, a PF registroua apreensão de 16,5 mil quilos de cocaína. Apasta base utilizada para produção do crack vem daBolívia, entra por cidades de Mato Grosso (Cáceres), Rondônia (Guajará-Mirim), Mato Grosso do Sul (Corumbá) e Acre – àsvezes pelo chamado tráfico-formiga,quando os traficantes usam a população pobre paraatravessar a fronteira com pequenas quantidades de droga. De lá,segue para cidades populosas do Nordeste, Sul e Sudeste. "Ocrack vai ser feito mais nos locais de consumo. E a repressãolocal vai ser feita pelas polícias Civil e Militar. Atendemosmais a questão do macro, daquilo que vai servir para atransformação do crack, que é a pasta base",esclarece. Asregiões Nordeste, Sul e Sudeste também têm sealternado como principais destinos da droga que étransportada já como pedra. São Paulo, Rio de Janeiro,Curitiba, Fortaleza e Recife são os principais focos.

Osecretário nacional Antidrogas (Senad), general Paulo Uchôa,disse acreditar que o aumento da repressão aos produtos químicosutilizados no refino da cocaína tem aumentado a oferta decrack. "Sóinteressa à Europa a cocaína pura. Como estamoscontrolando as substâncias precursoras, eles nãoconseguem fazer a quantidade que gostariam para exportar e fazem comoutras mais facilmente encontradas e transformam no crack, que nãointeressa aos compradores. O crack fica no Brasil mais barato paravender", diz. Aestratégia da PF tem sido buscar a cooperaçãodos países produtores da pasta base para frear a produçãode crack dentro do país. "No Brasil podemos controlar onosso território. Agora, fora daqui, depende da logística,acordos com os outros países. Isso tem sido feito, inclusiveas tratativas com a Bolívia têm melhorado muito",garante o delegado da PF.