Relator da CPI dos grampos quer prorrogar investigação por mais 60 dias

10/03/2009 - 0h12

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito das Escutas Telefônicas Clandestinas (CPI dos grampos), Nelson Pellegrino (PT-BA), afirmou hoje (10) que poderá propor a acareação entre o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha, e servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), caso o plenário da Casa confirme a prorrogação da comissão.Pellegrino vai reivindicar hoje que os trabalhos da comissão sejam prorrogados por pelo menos 60 dias e não apenas de 30 dias, como afirmou ontem (9) o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP). Hoje, Temer afirmou que é favorável a prorrogação e que não é contra um prazo maior. Para o relator, um mês não será suficiente para analisar o material encaminhado, na última sexta-feira, pelo juiz Ali Mazloum sobre a Operação Satiagraha.Pellegrino disse estar confiante que o plenário vai aprovar aprorrogação da comissão. “A decisão do presidente Michel Temer estácorreta [de levar a prorrogação a plenário]. Só quem pode prorrogar ostrabalho da CPI é o plenário. Foi assim nas duas últimas prorrogações.Penso que diante dos novos fatos é imperioso não só a prorrogação, mas que o plenário tenha para dar mais 60 dias às investigações.”A CPI funciona há mais de um ano. O relator acredita que, de posse dos dados sigilosos, a comissão poderá avançar nas investigações. “Pela primeira vez, teremos acesso a informações que estavam sob sigilo e isso pode levar a atalhos importantes. Se houver boa vontade do Poder Judiciário, socializando outras informações com a CPI, poderemos chegar de forma mais rápida, o que não conseguimos fazer nesses últimos 12 meses de trabalho”, disse Pellegrino.O relator argumentou que a nova fase de investigação da CPI dos grampos deverá ter um “extenso roteiro” de trabalho, que consistirá na oitiva de delegados da Polícia Federal, agentes da Abin e também do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que poderia estar sendo alvo de escutas telefônicas ilegais.“É um extenso roteiro, que começará com o depoimento do delegado Amado, que preside o inquérito que investiga os vazamentos da Operação Satiagraha. É preciso ouvir uma série de agentes, policiais e delegados que participaram da operação. A acareação desses agentes e o delegado Protógenes.”O deputado pediu que outros magistrados sigam o exemplo do juiz Ali Mazloum de compartilhar com a CPI dados sigilosos. “A nossa expectativa, agora, é que com essa decisão do juiz Ali Mazloum, de socializar os dados sigilosos com a CPI, outros magistrados possam suspender o sigilo para que a CPI possa tomar conhecimento.” Com a chegada dos novos dados, o relator deve realizar mudança em seu relatório, apresentado na semana passada. “Em função do sigilo das investigações da Operação Chacal e da Satiagrarah, a CPI não teve acesso a dados que eram essenciais. O indiciamento equivale a um inquérito, que apura se houve um crime e quem cometeu. A CPI tem que ter responsabilidade e, enquanto eu for relator, isso ocorrerá.”