Mantega prevê que economia começará a se recuperar a partir do segundo semestre

10/03/2009 - 15h56

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (10) que a economiabrasileira começará a se recuperar de forma maisrigorosa a partir do segundo semestre. Segundo ele, os seis primeirosmeses do ano serão de desempenho moderado.“Noprimeiro semestre, a economia registrará níveismelhores do que no final do ano passado, mas ainda abaixo de 2008. Ocrescimento só vai ser maior a partir do segundo semestre”,declarou Mantega, ao comentar o resultado do Produto Interno Bruto(PIB) no quarto trimestre, que caiu 3,6%, entre outubro e dezembro.Oministro admitiu que, com esse resultado, será difícilque o país atinja a meta de crescer 4% em 2009. Ele, noentanto, disse que o PIB, que é a soma de todas as riquezasproduzidas no país, será positivo este ano.Ao comentar o resultado do Produto Interno Bruto(PIB) no quarto trimestre de 2008, Mantega disse que as medidas para a construção civil devem facilitar a compra da casa própria. Segundo ele, o pacote habitacional em elaboraçãopelo governo não terá redução do Impostosobre Produtos Industrializados (IPI) para material de construção.“O pacote se concentrará no subsídiopara o comprador com recursos do orçamento e do FGTS [Fundode Garantia por Tempo de Serviço]”, afirmou. AAssessoria de Imprensa do Ministério da Fazenda, porém,confirmou que o pacote prevê a redução de outrosimpostos para o setor.O ministro negou ainda que pretenda ampliar aredução do Imposto sobre OperaçõesFinanceiras (IOF) para estimular a economia. “No momento, nãovemos espaço fiscal para essa medida”, disse.Mantega confirmou que, no próximo dia 20,apresentará os novos números do orçamento comrevisão de queda nas receitas e ampliação docorte de gastos. Ele disse, no entanto, que o governo nãopensar em reduzir a meta de superávit primário (economia feita pelo governo para pagamento de juros da dívida pública) estimada em 3,8% do PIB este ano. “Por enquanto,estamos trabalhando com ajustes nas despesas, principalmente custeio.Não cogitamos reduzir o resultado.”O ministro indicou que poderá usar osrecursos do Projeto Piloto de Investimentos (PPI), que permite oabatimento de até 0,5% do PIB no cálculo do resultadoprimário. “A lei é flexível. Vale lembrar queo PPI ainda não foi usado”, lembrou.Sobre economia internacional, Mantega afirmou que o Brasil vai sugerir ao Fundo MonetárioInternacional (FMI) que regule o fluxo mundial de capitais e empresterecursos excedentes dos países desenvolvidos para as naçõesem desenvolvimento. Ele pretende apresentar  a proposta na reunião de ministros de finanças do G-20 nofinal da semana, no Chile.O encontro servirá como preparativo para areunião de chefes de Estado do G-20, que ocorrerá emabril em Londres. Mantega disse que a idéia ainda serádebatida pelos países do Bric, grupo de paísesemergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China.A  proposta de Mantega  tem comoobjetivo corrigir o desequilíbrio no fluxo global de capitaisque se instalou depois do agravamento da crise econômicainternacional. “Com a piora da crise, os investidores passaram aretirar dinheiro dos países emergentes e aplicá-los empaíses como Estados Unidos, Japão e China”, explicouMantega.Para ele, essa movimentaçãoprejudica o comércio mundial e agrava ainda mais a criseeconômica. “Com tanto capital indo para as naçõesdesenvolvidas, a moeda norte-americana se valoriza. Isso prejudica asexportações dos Estados Unidos e as importaçõesdos países emergentes”, afirmou.Se os países assumissem o controle do fluxofinanceiro internacional,segundo o ministro, a crise seria debeladamais rapidamente. “Os países com excesso poderiam dirigir ofluxo para os países emergentes, o que corrigiria muitasdistorções”, declarou.Apesar dos prejuízos nas bolsas de valorese da quebra de instituições financeiras, váriospaíses desenvolvidos têm recebido mais recursosinternacionais. Isso porque os investidores retiram dinheiro dasbolsas e aplicam em ativos de menor risco, como os títulos dotesouro norte-americano.Esse dinheiro, na prática, financia odéficit público recorde de US$ 1,75 trilhão nosEstados Unidos e permite que o governo do presidente Barack Obamaaumente os gastos para estimular a economia, mesmo com recessãoe queda na arrecadação.