José Donizete de Lima e Ivy Farias
Repórteres da EBC
São Paulo - Amudança nas regras para obtenção da primeiraCarteira Nacional de Habilitação (CNH), prevista para janeiro, está levando os candidatos à cartade motorista a uma verdadeira corrida às auto-escolas paraconseguir o documento."Aspessoas fogem do conhecimento, e isso é uma verdadeiraironia", afirmou o presidente do Sindicato das Auto e MotoEscolas do Estado de São Paulo, José Guedes Pereira, ao comentaras alterações no procedimento para quem vaiprestar o exame pela primeira vez. "Em vez de 30 horas-aula,serão 45, e o curso teórico vai aumentar cerca de 15%."Fazendo aulas de direção pelaprimeira vez, Viviane Gonçalves Soares Santos conta por queprocurou a auto-escola antes da vigência das novas regras:"Aumentando o número de aulas, aumenta também ovalor." Segundo Pereira, os novos custos devem representar umaumento de 20% a 30% e serão repassados para os usuários".Em São Paulo, o curso e as taxas ficam atualmente por cerca deR$ 600, mas ainda não se sabe quanto esse valor podeaumentar.Ainda sem números fechados dos meses denovembro e dezembro, o Departamento Estadual de Trânsito de SãoPaulo (Detran/SP) informou que a procura pela primeira habilitaçãoaumentou este ano em comparação com 2007. No ano passado, só no mês de outubro, cercade 14 mil pessoas procuraram o Detran para fazer a primeirahabilitação. No mesmomês de 2008, a procura aumentou consideravelmente: foram 19.113os interessados. "É normal o aumento da demanda nosúltimos meses do ano, porque as pessoas têm o dinheirodo 13º salário e o tempo das férias", dissePereira.Para o consultor de transportes e desenvolvimentourbano Luiz Célio Botura, as mudanças podem, no entanto, ter efeitodiferente quando colocadas à prova. "Na prática,isso [mudanças] beneficia apenas os centros deformação. E não são todas as auto-escolasque vão se preparar", disse ele. Botura ressalta, porém, que o motorista temde ser bem treinado porque é o fator mais constante nas causasde acidentes. "A legislação brasileira éuniforme em todo o país, e a formação deverialevar em conta as diferentes condições locais deprática do motorista, pois o tráfego em um municípioexige menos que em outro. Um condutor de cidade pequena precisa de umtreinamento diferente do daquele que dirige em uma metrópolecomo São Paulo."Outro candidato a uma carteira de motorista, JoséHilton Santos Pedreira, conta que nunca dirigiu na vida, mas acreditaque as aulas na auto-escola serão suficientes para ele assumir adireção de um carro: "Sei que estarei preparadopara o trânsito de São Paulo."