Negros são maioria nas favelas, segundo estudo do Ipea

16/12/2008 - 14h21

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar de reconhecer que nos últimos 15 anos houve uma melhoria nas condições de habitação no Brasil, a pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, divulgada hoje (16) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que ainda é perceptível a diferença entre negros e brancos, especialmente no que diz respeito aos domicílios localizados em assentamentos subnormais, ou seja, favelas e assemelhados.Entre 1993 e 2007, o percentual de residências que se encontravam em favelas ou semelhantes passou de 3,2% para 3,6%. É um percentual considerado baixo, mas que representa um universo de 2 milhões de domicílios, ou pelo menos 8 milhões de pessoas.Considerando a distribuição de acordo com o chefe da família, tem-se que 40,1% dessas casas são chefiadas por homens negros, 26% por mulheres negras, 21,3% por homens brancos e 11,7% por mulheres brancas. De acordo com o estudo, essa distribuição mostra a predominância da população negra em favelas, o que reforça a sua maior vulnerabilidade social.Outro ponto analisado, referente à condição de habitabilidade da população, é o adensamento excessivo, ou seja, o número muito grande de pessoas na residência. Os valores são considerados baixos (5% em 2007) e vêm se reduzindo (eram 10% em 1993). No entanto, também nesse aspecto é marcante a desigualdade de raça e gênero.Se apenas 3% dos domicílios chefiados por brancos se encontram nessa situação, entre as famílias com chefes negros o percentual mais que dobra, chegando a 7%. Também são mais comuns os domicílios excessivamente habitados quando é o homem quem chefia: 5,1% contra 4,5% nas famílias chefiadas por mulheres.No que diz respeito a acesso de serviços básicos, os dados da pesquisa mostram que 98% dos domicílios urbanos já contam com coleta de lixo, um crescimento da cobertura que já era considerada alta em 1993, com 85%.Não chega a ser observada uma diferença significativa entre as residências chefiadas por homens ou mulheres. Já entre as famílias chefiadas por negros e brancos, a diferença é de três pontos percentuais (96,7% e 99%, respectivamente). No entanto, o aumento da cobertura do serviço de coleta foi mais intenso entre as famílias negras (21 pontos percentuais) e também as que estão em situação de pobreza (25 pontos).O serviço que oferece a menor cobertura populacional é o de esgoto sanitário, apesar de ter crescido quase 13 pontos no período analisado pelo estudo, chegando a um percentual de 82,3% dos domicílios. Ao contrário do que ocorre com a coleta de lixo, as diferenças entre famílias negras e brancas são mais visíveis. Se entre as primeiras a cobertura era de 76% em 2007, nas outras era de 88%.