Novos financiamentos para o Equador deverão ser analisados com cuidado, afirma Amorim

24/11/2008 - 20h06

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou hoje (24) que o governo brasileiro está revisando a cooperação com o Equador, frente ao anúncio do presidente equatoriano, Rafael Correa, de que pretende não pagar a dívida com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O empréstimo foi contratado para a construção da Hidrelétrica San Francisco.De acordo com o ministro, acordos de caráter social não devem ser paralisados, já que não é intenção do Brasil prejudicar o povo equatoriano. “Agora acordos que envolvam novos financiamentos, créditos, não é que seja uma medida de retaliação, mas de precaução, o Brasil terá que olhar com muito cuidado”, disse.Em entrevista coletiva, depois da Primeira Reunião Ministerial entre o Mercosul e Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), Amorim informou que foi designado um diplomata para trabalhar com o BNDES, no sentido de analisar o contrato do financiamento.“Uma coisa parece certa e pelo menos essa opinião do BNDES eu creio que é correta: o empréstimo do BNDES é irrevogável, ele pode ter sido gerado por uma obra, por uma prestação de serviços, mas ele tem um caráter independente e irrevogável, então qualquer não-pagamento, inadimplência em relação a esse crédito vai ter efeitos, a meu ver, que vão além até da relação Brasil Equador”, ressaltou.O chanceler também lembrou que o não-pagamento da dívida pode gerar problemas para outros países sul-americanos. Segundo ele, o empréstimo tem garantia do Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos da Associação Latino-Americana de Integração (CCR/Aladi), que baixa o custo do crédito.“Ao ficar claro que a garantia do CCR não é tão absoluta quanto se acreditava, o risco dessas operações vai subir e isso vai prejudicar outros países da América do Sul também”, afirmou.