O bicentenário Carro dos Milagres é um dos símbolos do Círio de Nazaré

12/10/2008 - 19h58

Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Introduzido no Círio de Nazaré em 1805, por ordem da rainha Maria I, o Carro dos Milagres é cercado de simbologias. Sua tradição é baseada em um fato ocorrido em Portugal, quando o fidalgo dom Fuas Roupinho foi salvo da morte num abismo, segundo relatam os enviados especiais da Rádio Nacional da Amazônia.“Séculos depois, ele [o carro] ainda é símbolo de fé e agradecimento das pessoas vão ao Círio pagar uma promessa”, afirma o diretor de patrimônio do Círio 2008, Antônio Salame. No carro, são depositados objetos de cera que os fiéis mandam confeccionar em agradecimento a uma causa alcançada. É comum, por exemplo, que depositem rins de cera, pela cura de uma doença renal.“Você vê que tem muitos braços, pernas, cabeças, rins, principalmente os aspectos de saúde. Mas também casas prontas, barcos, isso representa tudo aquilo que a santa conseguiu ajudar naqueles apelos”, conta Salame.No total, 12 carros participam da procissão, além da berlinda, que ostenta a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do Pará. Para que tudo transcorra com tranqüilidade, o trabalho de arrumação dos carros começa cedo, às 4h da madrugada.Outra tradição da festa é segurar a corda que separa a imagem dos fiéis. Eles acreditam que o ato de tocá-la pode ser miraculoso. Muitos também o tocam por uma graça alcançada. A corda foi introduzida no Círio em 1866, quando a procissão era feita em carros de bois e aquele que carregava a imagem atolou. A população teve que intervir, tirando o carro do atoleiro com uma corda.“É muita emoção. A gente chega aqui e uma emoção toma conta da gente, e eu acho que consigo tocar a corda. Primeiro ano, né?”, diz um visitante de Santarém que se identificou apenas como Marcelo, e teve “sorte de principiante”. Para tocar a corda, o fiel deve estar descalço.A festa religiosa acontece em Belém (PA) desde sexta-feira (10) ehoje, ápice das celebrações, reuniu cerca de 2 milhões de pessoas. Leia mais.