Pesquisa da FGV indica que salário aumenta em média 15% a cada ano de estudo

09/10/2008 - 16h07

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cada ano de estudo que o brasileiro acumula em seucurrículo gera um salto médio em seu salário de 15,07%. O mesmomovimento é observado nas chances de ocupação que, seguindo o mesmocritério, aumentam em média 3,38%. Os dados fazem parte da pesquisaVocê no Mercado de Trabalho, apresentada hoje (9) pela Fundação GetulioVargas (FGV).O estudo aponta, ainda, que esse prêmio da educação(termo utilizado pelos pesquisadores para medir os impactos nossalários e na ocupação obtidos com investimentos em educação pessoal)sofre aceleração na medida em que se somam os anos de estudo. Destaforma, o salário de uma pessoa sem qualquer grau de instrução tem umincremento de 6% quando ela passa a ter um ano de estudo. Já umbrasileiro com 15 anos de estudo, que corresponde à conclusão doterceiro grau, passa a ganhar 47% a mais quando agrega ao seu currículomais um ano (que representa o fim do primeiro ano de um curso depós-graduação).De acordo com o pesquisador Marcelo Neri, responsávelpela pesquisa, esses dados mostram que principalmente os jovens deveminvestir em educação contínua.“O Brasil é um dos países do mundo que apresenta omaior retorno da educação, mas muitas pessoas de baixa escolaridadeficam presas a essa armadilha. Elas estudam um pouco mais e não têmtanto retorno. Para alcançar um trecho de altos prêmios de educação,elas precisam percorrer toda a trajetória”, afirmou.Neri destacou que embora os prêmios deeducação continuem em patamares elevados, já que uma pessoa quecompletou todo o ciclo de educação (18 anos) recebe em média R$4.454,69, o que representa um salário médio aproximadamente doze vezesmaior do que o que recebe uma pessoa sem instrução (R$ 392,14), elesvêm caindo nos últimos anos. Isso, de acordo com Néri, pode serexplicado em parte pela maior oferta de pessoas com qualificação.“De um lado, as pessoas estão indo mais para escola eisso gera mais oferta de pessoas qualificadas. De outro as empresasestão demandando mais essa mão de obra. Nos anos 60, essa disputa foivencida pela demanda, o que implicou fortíssimo aumento dadesigualdade. Já nos últimos sete anos a oferta de educação tem vencidoa demanda e está gerando uma forte redução de desigualdade no mercadode trabalho nos últimos anos”, afirmou.A pesquisa traz também uma análise específica sobre oretorno de educação para o jovem. De acordo com Marcelo Néri, em 2007 arenda dessa parcela da população cresceu duas vezes mais do que a doconjunto da população.“O jovem viveu uma crise de desemprego e os dadosmais recentes apontam que ele está sendo disputado pelas empresas. Comoo jovem brasileiro fez o seu dever de casa indo pra escola nos últimosquinze anos, ele está atendendo essa maior demanda de trabalho, reflexoda recuperação do crescimento do Brasil”, destacou.A análise regional aponta que o Nordeste tem a maiortaxa de retorno de educação (17,04% por ano de estudo) e o Sul (12,43%por ano de estudo), a menor. De acordo com Néri, isso ocorre porque oNordeste está crescendo num ritmo mais acelerado e o Sul conta com umaoferta mais abundante de pessoas qualificadas.“Um jovem que queria investir em educação pode irpara a Região Nordeste, que é onde ele vai auferir os maiores ganhospor estar educado”, acrescentou.Entre as profissões, os maiores salários observadosno Brasil são obtidos nas profissões de juízes e desembargadores, queganhavam em média R$ 13.956 em 2007, seguidos por diretores gerais (R$7.371) e médicos (7.029). No outro extremo, com as remunerações maisbaixas, aparecem os trabalhadores agrícolas (R$ 141.21) e os que atuamna pecuária (R$ 141,56).