Para especialista, alerta sonoro repetitivo deveria ser obrigatório nos aviões Airbus

19/09/2007 - 23h46

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Uma das falhas da empresa Airbus que pode ter contribuído com o acidente da TAM, segundo o coronel Antonio Junqueira, assessor contratado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo da Câmara, é o fato de o alerta sonoro para que o piloto abaixasse ambas as manetes até a posição idle (ponto morto) ter se desligado após três avisos. Para Junqueira, que esteve hoje (19) na reunião da CPI, o avião deveria estar equipado com um alerta sonoro repetitivo e contínuo, conforme recomendação da própria Airbus após dois acidentes anteriores causados pela mesma falha no posicionamento das manetes. Apesar da recomendação, a TAM não havia adotado o equipamento porque a fabricante da aeronave classificou-o como "desejável", e não como item obrigatório. “Quando [a Airbus] emite um boletim em que classifica o equipamento como recomendável, ela não considera os dois acidentes [Taipei e Filipinas] que já haviam ocorrido devido às manetes não terem sido trazidas para a posição correta [primeiro Idle, depois, reverso]" afirmou Junqueira.Segundo o coronel, os dados das caixas-pretas do Airbus demonstram que ao se aproximar do Aeroporto de Congonhas, na zona Sul de São Paulo (SP), o alerta sonoro foi acionado por duas vezes enquanto o piloto abaixava a manete do motor esquerdo até a posição idle. Após isso, o avisou soou uma terceira e última vez, embora a manete direita permanecesse na posição climb (de subida). A esta altura, a turbina esquerda já estava com o reverso acionado.  Segundo o coronel, uma luz se acendeu no painel do avião, indicando que as manetes não estavam na posição adequada. O próprio Junqueira, no entanto, afirmou que os pilotos não costumam pousar olhando para o painel, mas sim para a pista. Sem notar o problema, e com os freios aerodinâmicos (spoilers) travados, o piloto e co-piloto não tiveram tempo de rever o erro. “Jamais me passaria pela cabeça que a empresa deveria emitir um boletim de caráter recomendável, para que seja cumprido por quem quiser", disse Junqueira, referindo-se à recomendação da Airbus. Acostumados com o freio automático, o piloto demorou 9 segundos para acionar os pedais dos freios. Junqueira destacou que de qualquer forma, a  uma velocidade de 70 metros por segundo, numa pista de, então, 1.940 metros e sem áreas de escape, "ninguém seguraria aquele avião". O coronel sugeriu que se a falha tivesse ocorrido durante pouso em aeroportos que têm pistas maiores, como os de Cumbica, em Guarulhos (SP) ou do Galeão, no Rio, a tragédia maior poderia ter sido evitada.  O próprio coronel, no entanto, ao apontar a importância do sistema sonoro contínuo, defendeu o modelo Airbus A320. “O sistema é irretocável. Talvez, tenha apenas uma falha: não considerar que quem o está administrando é passível de falha”.