Odebrecht diz que anulação de exclusividade ameaça informações estratégicas

20/09/2007 - 0h01

Sabrina Craide e Vladimir Platonow
Repórteres da Agência Brasil
Brasília e Rio de Janeiro - A decisão daSecretaria de Direito Econômico (SDE) de anular o acordo deexclusividade entre a Odebrecht e a General Eletric (GE) para aparticipação nos leilões de concessão dasusinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau no RioMadeira foi considerada “inoportuna” pelo diretor da OdebrechtInvestimentos e Infra-estrutura, Irineu Meireles. Meirelesargumenta que a GE detém informaçõesestratégicas e confidenciais sobre a Odebrecht, e poderiarepassá-las para outros investidores interessados caso aexclusividade seja anulada. Para ele, a decisão da SDE nãofoi justa.O diretor diz que não foidado à empresa o direito à defesa e que a Odebrecht vaitentar em todas as instâncias garantir a exclusividade,inclusive recorrendo ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica(Cade). “Vamos seguir todo o rito que a lei nos permitir para poderdefender as nossas informações estratégicas econfidenciais que consideramos de segurança empresarial”,diz.Após a decisão da SDE,divulgada na semana passada, a Odebrecht ingressou com uma açãona 1ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal paramanter as cláusulas de exclusividade com os fornecedores. ASDE também havia decidido que, se o consórcio entre aOdebrecht e a estatal Furnas não for o vencedor dos leilões,as empresas poderão fornecer equipamentos a qualquer outrovencedor. A Justiça Federal pediu mais informaçõesà secretaria, e deverá decidir em dez dias se iráou não manter a decisão da SDE.De acordo com Meireles, existem outrosfornecedores de equipamentos disponíveis no mercado que detêma tecnologia dessas turbinas, mas não detêm o principaldesse processo, que são as informaçõesestratégicas da Odebrecht. “Esse é o objetivo dealguns concorrentes do mercado, que querem encurtar caminho ao invésde buscar fornecedores, estão atrás da informaçõesque alguns fornecedores detêm”, afirma.Já o diretor executivo do Grupo Camargo Corrêa, JoséAyres de Campos, afirmou que a exclusividade de fornecimento da GE àOdebrecht representa um desequilíbrio no leilão, mas aempresa se manterá na disputa: “Com fornecedor ou semfornecedor, nós temos uma proposta competitiva”.Segundo ele, existemtrês empresas no mundo que fornecem os equipamentos de geraçãoe turbina, mas somente a GE teria capacidade de entregar com rapidezos pedidos. “É um mercado restrito, você tem outrosfornecedores de serviços eletromecânicos, mas nãocom a expertise nesse tipo de equipamento. Seria maiscompetitivo que nós tivéssemos um fornecedortradicional”, disse Campos, que não confirmou se a empresavai recorrer, caso a Justiça conceda liminar àconcorrente contra a decisão da SDE.