Empresários defendem em conferência no Rio produção com respeito ao meio ambiente

19/09/2007 - 22h28

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Empresários reunidos no Rio de Janeirodefenderam hoje (19) o investimento em processos produtivosambientalmente sustentáveis como forma de reduçãodo aquecimento global e de preservação dos recursos doplaneta. Eles participam, até amanhã, da ConferênciaRio + 15, que marca os 15 anos da realização da Rio-92e busca fazer uma retrospectiva do que foi implantado ou nãodesde o encontro na década passada.“Quem pensa em perpetuar uma organizaçãonão pode agir somente com objetivo de produzir cada vez mais,pois a Terra não tem capacidade de acompanhar esse ritmo. Asustentabilidade do planeta significa a manutenção dosnossos negócios. Portanto, não defendemos a proteçãoao meio ambiente por simples benevolência, mas porque umaempresa não poderá continuar no futuro se nãotiver esta visão”, afirmou o diretor executivo daconstrutora Camargo Correa (uma das maiores do país, com 30mil funcionários), José Ayres de Campos.“Não existe negócio onde nãohá uma sociedade sadia, com renda e um meio ambiente quegaranta a sustentabilidade”, disse Campos. E completou: “Nósnão vamos abrir mão do resultado econômico, mastemos que considerar as questões sociais e ambientais. Esse éo paradigma a ser quebrado, pois o mundo vive uma realidade diferentee quem sai na frente estará em vantagem”. Segundo ele, aCamargo Correa criou este ano uma diretoria encarregada unicamente desustentabilidade ambiental.A idéia de que proteger o meio ambiente nãodiminui o lucro das empresas também é defendida pelodiretor executivo da Philips para a América Latina, ManuelFrade. “Não significa a diminuição do lucrodas empresas, mas um aumento”, disse. “Apostar em crescimentosustentável é investimento e não despesa. Aoexecutar um programa de sustentabilidade bem feito, a empresa sevaloriza, passa a ser mais admirada e isso é reconhecido pelomercado no aumento do valor da ações e como os seusclientes compram.”Segundo o executivo da Philips, cada vez mais ocritério de sustentabilidade faz parte da escolha dosfornecedores: “Se você tem uma empresa, não vai querercomprar de alguém que não tem uma ficha desustentabilidade limpa. Tudo o que você devolve àsociedade, na forma de serviços e de ética, éreconhecido e seu negócio vai para frente”.O setor público esteve representado noencontro pelo chefe do Departamento de Meio Ambiente da Eletrobrás,Sérgio Barbosa de Almeida. “A questão ambiental éinseparável da questão econômica. Vocêpensar que são duas coisas separadas é ilusão. Ese paga um preço alto, se não levar em conta isso”,defendeu Almeida.De acordo com ele, qualquer empreendimento geraimpacto ambiental, inevitavelmente, mas o desafio é definircom a sociedade o que é aceitável para odesenvolvimento. Almeida citou o caso das usinas projetadas para oRio Madeira, que despertaram um grande debate nacional, o que,segundo ele, ajudou a aprimorar os projetos.Entre as iniciativas que devem influir fortementesobre os programas das empresas de investir em desenvolvimentosustentável está o leilão de créditos decarbono. O primeiro pregão está marcado paraquarta-feira (26), na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Orepresentante da BM&F no evento, embaixador Rubens AntônioBarbosa, afirmou que finalmente esse mercado deve deslanchar no país:“Este leilão, da venda de créditos de carbonorelacionado com um aterro sanitário de São Paulo, devedesembocar em outros projetos”.Segundo o diplomata, uma empresa pode conciliar adefesa do meio ambiente com a obtenção de lucro.“Reduzir a emissão de carbono representa um valor monetáriopara a empresa, que é cotado internacionalmente. No Brasil, acotação ainda está baixa, mas na Europa o valoré bem mais alto e a tendência é crescer e setornar uma receita fixa para a empresa”, ressaltou o embaixador.