Ministério diz que não analisa vínculos partidários de dirigentes de emissoras de rádio e TV

04/09/2007 - 22h29

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério das Comunicações informou hoje (4) que não analisa possíveis vínculos políticos de dirigentes de emissoras de rádio e TV no processo de concessão de canais. O tema foi discutido durante audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados. Os parlamentares conheceram pesquisa apontando que 50,2% das 2.205 emissoras comunitárias autorizadas a funcionar pelo ministério pertencem a pessoas ligadas a vereadores e deputados estaduais ou federais. A Constituição Federal proíbe funcionários públicos de explorarem canais de rádio e TV, mas segundo a coordenadora de Serviços de Radiodifusão Comunitária, Alexandra Costa, o ministério não tem como cruzar informações para provar a irregularidade, antes da concessão. "São mais de 12 mil processos", afirmou.  “Teríamos que fazer uma busca em diversos sistemas, como o eleitoral. Ninguém faria isso, a não ser a Polícia Federal, em uma investigação muito séria. Nós fazemos a avaliação dos estatutos, atas de fundação e documentos enviados por cada dirigente”, acrescentou. Ela ressalvou que o ministério atua, “desde que tenha conhecimento”, para coibir a irregularidade e questionou o percentual revelado pela pesquisa: “Não estou questionando a validade da pesquisa, mas temos que saber se realmente existe vínculo político ou se a pessoa só participa de uma associação”. O professor Venício Lima, da Universidade de Brasília e autor do estudo, explicou que "se o candidato era filiado a um partido político e se colocou como candidato, ganhando ou perdendo eleição, há vínculo político-partidário”.De acordo com o estudo apresentado na audiência, os estados onde há mais ligação entre políticos e donos de rádios comunitárias são  Tocantins (85,7%), Amazonas (66,7%), Alagoas (65,6%), Santa Catarina (63,1%) e Espírito Santo (62,9%). A pesquisa Rádios Comunitária: Coronelismo Eletrônico de Novo Tipo contou com informações do Tribunal Superior Eleitoral, do Congresso Nacional, da Presidência da República e do próprio Ministério das Comunicações.