Deputados fazem ressalvas à divulgação de diálogos da caixa-preta da TAM

01/08/2007 - 22h04

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Parlamentares da Câmara dos Deputados vêem com reservas a divulgação dos diálogos da caixa-preta do Airbus da TAM, que traz os últimos 12 minutos de conversa entre o piloto, o co-piloto e a torre de comando em Congonhas.As informações vieram a público hoje (1º) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo na Câmara."Primeiro tem que ser pensar no respeito às familias, segundo, se a divulgação não atrapalharia a investigação do caso. Se issonão ocorre,  a divulgação não atrapalha", avaliou o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP).O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que integra a CPI, se manifestou contrário à divulgação dos dados de forma isolada."As informações deveriam ser acompanhadas de uma análise, e não liberadas isoladamente". De acordo com ele, a divulgação isolada pode levar a conclusões precipitadas, o que seria uma "irresponsabilidade".No entanto, Gabeira ponderou que não adiantaria a CPI reter esses dados, já que o vazamento seria inevitável por causa da repercussão do assunto. "A maioria da CPI foi favorável à divulgação. E eu, aceitei".O deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), que propôs a criação da CPI, disse que, antes de divulgar, a comissão deveria ter checado se havia algum impedimento legal para isso."Era preciso verificar se o Brasil assinou algum tratado internacional que impeça a divulgação de elementos de caixas-pretas", disse, acrescentando que está fazendo esse levantamento.O deputado Miguel Martini (PHS-MG), ex-controlador de vôo, concorda. Para ele, a CPI não poderia ter divulgado os dados. "Ao divulgá-los, corremos o risco de ferir alguma legislação internacional que impeça essa divulgação".Na avaliação dele, a divulgação "não ajuda em nada e em nada contribui para melhorar as condições do sistema de tráfego aéreo nacional".Para Jair Bolsonaro (PP-RJ), os dados não deveriam ser divulgados, porque é preciso respeitar a dor e a intimidade das famílias da vítimas."Acho que não é o caso de divulgar os diálogos. Isso pode provocar os familiares com a conversa dos momentos que antecederam o final da vida de seus entes".