Estudantes de Comunicação preparam boicote ao Enade

11/11/2006 - 17h03

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos) prepara um boicote ao Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2006, que será aplicado amanhã (12), em todo país.Com o slogan “Nota Zero para o Enade”, a Executiva dos Estudantes de Comunicação incentiva os alunos a entregar a prova em branco. Eles reclamam da avaliação, feita em um único dia, e da punição às instituições com nota baixa. E vêem o Enade como uma forma de competição negativa.“A avaliação é uma reivindicação da década de 70, mas deve respeitar o regionalismo. O ranking feito de acordo com a nota cria uma concorrência que não é saudável para a educação. A concorrência deve se dar no mercado de trabalho”, afirmou o coordenador regional do Centro-Oeste do Enecos, Antônio Fabrício Barbosa. O caráter punitivo para as instituições que não alcançam boa pontuação também é questionado pelos estudantes. “As escolas que vão mal deveriam receber apoio, investimento, e não o contrário”, disse ele. O Ministério da Educação (MEC) discorda. “É um contra-senso premiar quem vai mal. É uma visão equivocada”, ressaltou o coordenador-geral do Enade, Amir Limana.Também se critica a avaliação ser feita em apenas uma prova e não durante todo o curso. Para o MEC, a sugestão é inviável. “É um exame em larga escala. Envolve custos e definições políticas na pauta sobre o que é prioritário. Não temos condições de fazer em larga escala, todos os anos, o tempo todo. Nem os países mais ricos do mundo têm condições de fazer”, destacou Amir Limana.O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) tem três dimensões. Além do Enade, os cursos de graduação e as instituições também são avaliados, durante uma semana, por meio de uma comissão externa, a Comissão Própria de Avaliação (CPA).Os estudantes detectam o mesmo problema. Para eles, sete dias de visita não averiguam os reais problemas, tanto do curso quanto da instituição. “É normal as universidades darem um limpa antes de a comissão chegar”, disse Antônio Fabrício. Os estudantes defendem a existência de uma comissão permanente. “A CPA é composta por toda a comunidade de educação: professores, estudantes, corpo técnico-administrativo e a comunidade externa. Imagina o custo que teria manter equipes constantes. É ótimo sonhar, mas não podemos achar que todos possam ser implementados”, disse Limana. A prova do Enade é feita por amostragem com 95% de segurança, segundo o MEC. A margem de erro é de 2,7% para cima ou para baixo.