Relatório do Greenpeace mostra como o aquecimento global já afeta o Brasil

23/08/2006 - 18h51

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em março de 2004, a região o Sul do Brasil registrou umfenômeno climático inédito: o primeiro furacão formado no país. O Catarinaatingiu as áreas costeiras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, causandoprejuízos de mais de R$ 1 bilhão e 11 mortes. O aparecimento de um furacão no Brasil é conseqüência dochamado aquecimento global, causado principalmente pela emissão de gases naatmosfera, que causam o efeito estufa. As evidências científicas dos efeitos do aquecimento globalem várias regiões do Brasil estão no relatório Mudanças do Clima, Mudanças deVidas, lançado hoje (23) pela organização não-governamental Greenpeace. “Com relação a furacões, o Atlântico Sul era considerado umazona livre de furacões até a ocorrência do furacão Catarina em 2004. E algumasinstituições de pesquisa, como as do Reino Unido, por exemplo, mostram que nofuturo pode ser a rota (Atlântico Sul) de novas tempestades fortes e até mesmofuracões, entre o Sul do Brasil e o Rio de Janeiro”, afirma o coordenador noBrasil da Campanha de Clima do Greenpeace, Carloss Rittl. De acordo com o Greenpeace, os Estados Unidos são o país quemais emite gás carbônico na atmosfera, um quarto do total de emissões do mundo.O Brasil ocupa a quarta posição no ranking dos poluidores. Por aqui, odesmatamento da Amazônia é o principal responsável pela emissão brasileira deCO². “O Brasil é hoje o quarto maior emissor, 75% dessas emissõesvêm da destruição das nossas florestas, ou seja, é um problema que nos expõeporque perdemos florestas,  biodiversidade,temos conflitos sociais e também prejudicamos o clima”, afirma Rittl. O relatório também aponta como conseqüência do efeito estufao aumento de 0,7° C na temperatura global nos últimos 100 anos, cujo principalefeito mundial é o derretimento das geleiras nos Pólos e aumento do nível dooceano. O objetivo do relatório, segundo Rittl, é mostrar que oBrasil também é um país vulnerável e que um cenário pior poderá acontecer se apopulação não se conscientizar e se precaver. O documento do Greenpeace oferece sugestões para osgovernos, as indústrias e os cidadãos evitarem os efeitos das mudançasclimáticas no Brasil. Para a Ong, é possível mudar padrões de produção econsumo.“Os indivíduos são consumidores de energia, então nós temosque ter responsabilidade no uso de energia, temos que economizar energia nanossa casa, temos que priorizar quando o transporte coletivo for de qualidade esomos também consumidores de produtos florestais, uma mesa ou armário da nossacasa, a gente pode buscar informação se aquela madeira que formou aquele móvelela teve origem ou não numa área de floresta que foi destruída”, exemplifica. Outra sugestão do relatório é para que o país utilize fonteslimpas de energia, como a solar e a eólica (dos ventos), que diminuam aquantidade de emissões de gases poluentes. “A gente não pode esquecer que oBrasil está crescendo e que precisa de maior geração de energia. A gente temque investir em fontes renováveis de energia, que são ricas e abundantes noBrasil, como a energia solar e a energia eólica, que a gente investe aindamuito pouco”.