Preços de produtos agropecuários no atacado fazem IGP-10 registrar nova deflação

19/04/2006 - 16h46

Rio, 19/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - A redução de preços no atacado, principalmente nas matérias-primas agropecuárias, foi responsável por nova deflação registrada no Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10). A taxa do mês de abril, referente aos preços pesquisados entre os dias 10 do mês anterior e o último dia 11, foi divulgada hoje (19) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ficou em –0,65%, mantendo a trajetória de desaceleração apurada desde fevereiro.

Em relação a março, quando a deflação foi de 0,03%, o IGP-10 caiu 0,62 ponto percentual. No ano, o acumulado está em 0,32% e nos últimos 12 meses, em -0,78% – o mais baixo valor registrado desde a década de 40, quando a FGV começou a calcular os índices gerais de preços.

O IGP–10 de abril resulta de uma variação de -1,10% no Índice de Preços por Atacado (IPA), de 0,21% no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e de 0,20% no Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Dessses três índices que compõem o IGP-10, apenas o IPA teve redução em relação ao mês de março (-0,12%), mas ele representa 60% na composição final da taxa e por isso a queda dos preços no atacado foi decisiva para a deflação.

O item do IPA que apresentou maior desaceleração foi o de matérias-primas brutas (-4%), especialmente, as agropecuárias. Entre os produtos, destaca-se a redução nos preços de milho, soja e frango, resultado do pico da safra agrícola, da gripe aviária e ainda da desvalorização do dólar frente ao real, de acordo com o coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, Salomão Quadros. Ele acrescentou que essa desaceleração foi transferida para os bens finais, reduzindo os preços de muitos alimentos processados, como o frango industrializado, o arroz beneficiado e os óleos de milho e soja.

Os preços dos alimentos para o consumidor, com peso de 30% no IGP-10, também tiveram redução de -0,37% no mês de abril, contribuindo para que a taxa do IPC ficasse em 0,21%. A maior pressão foi registrada pelo item Vestuário, que passou de -2,17% em março para 0,66% em abril, devido à chegada de novas coleções de roupas para o outono. As despesas com transporte também se mantiveram elevadas (1,09%), por conta dos reajustes no preço do álcool combustível.

E o INCC, que tem peso de 10% no IGP-10, registrou ligeira aceleração (0,04 ponto percentual) devido aos reajustes salariais nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro, Belém e Goiânia.