Investigação sobre violação de sigilo começou há menos de um mês

19/04/2006 - 20h08

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília – As datas que marcaram o processo que culminou na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa e a investigação sobre o crime:

14 de março
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pede a convocação do caseiro Francenildo Santos Costa para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos (CPI dos Bingos). Costa trabalhou na mansão alugada em Brasília por Vladimir Poleto, um dos assessores do ministro da Fazenda Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto (SP). Poleto é investigado, pela CPI dos Bingos, por suspeita de tráfico de influência no governo federal. Palocci reafirma que nunca esteve na casa.

15 de março
Francenildo é convocado pela CPI.

16 de março
Francenildo afirma, no depoimento, que viu Palocci "de dez a vinte vezes" na mansão. O depoimento é suspenso pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Cezar Peluso, que concede liminar pedida pelo senador Tião Viana (PT-AC). O senador alega que há ameaça de invasão de privacidade do ministro da Fazenda.

20 de março
Caseiro denuncia violação de seu sigilo bancário após ver sua movimentação financeira exposta em reportagem da revista Época. Ele afirma que extrato foi retirado às 20h58 do dia 16, horário em que estava na Polícia Federal inscrevendo-se no programa de proteção a testemunhas. E conta que entregou o cartão bancário à PF. Polícia nega que tenha violado sigilo. Caixa Econômica Federal (CEF) abre investigação interna.

21 de março
PF abre inquérito para investigar quebra de sigilo.

27 de março
O presidente da Caixa, Jorge Mattoso, presta depoimento à polícia e afirma que entregou, "pessoalmente", o extrato ao ministro da Fazenda. Palocci pede demissão. Mattoso é indiciado por violação de sigilo funcional. Em carta ao presidente Lula, Palocci nega a participação.

30 de março
Polícia Federal intima Palocci para depor. Ele não comparece

31 de março
Palocci é intimado novamente e apresenta atestado médico de quatro dias.

03 de abril
O nome do ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, passa a constar na investigação. O secretário de Direito Econômico do ministério da Justiça, Daniel Goldberg, confirma que esteve na casa de Palocci no dia 16 e que o assessor de comunicação de Palocci, Marcelo Neto, também estava na casa. O chefe de gabinete do ministro Thomaz Bastos, Claudio Alencar, nega que tenha entrado na casa.

04 de abril
PF indicia Palocci por quebra de sigilo funcional. Em depoimento sigiloso em sua residência, o ex-ministro nega participação no crime.

05 de abril
Marcelo Netto presta depoimento e se nega a responder as perguntas do delegado Rodrigo Carneiro usando a prerrogativa de investigado para não dar nenhuma declaração.

06 de abril
Thomaz Bastos se coloca à disposição do Congresso para esclarecer dúvidas sobre a quebra de sigilo.

10 de abril
PF diz que não há razões para intimar Thomaz Bastos.

11 de abril
Comissão de Sindicância da CEF conclui que empregados não violaram lei em quebra de sigilo.

17 de abril
Marcello Neto presta novo depoimento e é indiciado por quebra de sigilo bancário.

19 de abril
Palocci é indiciado por prevaricação e denunciação caluniosa. Termina o prazo de um mês dado pela justiça para a investigação. PF entrega relatório parcial à 10ª Vara da Justiça Federal. Thomaz Bastos não é citado no documento. O delegado Rodrigo Carneiro pede mais 30 dias para a concluir o trabalho.