Inadequação e precariedade de instalações da Febem são destacadas em documento

16/04/2006 - 9h09

Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Além dos depoimentos dos internos, o "Relatório da Visita ao Complexo da Febem Tatuapé", realizado a partir de inspeção na última segunda-feira (10) por uma comissão de direitos humanos, traz observações quanto à precariedade ou inadequação das instalações e tratamento desumano.

"Os internos da unidade 12 estão trancados como animais desde a terça-feira, dia 4. Como não têm banheiro nas celas, eles fazem as necessidades em garrafas de refrigerantes e em vasilhas de marmitex".

Na unidade 13 "constatou-se que o local estava sem nenhuma condição de habitação. A infra-estrutura estava completamente abandonada, o local possui treze quartos que abrigam noventa e sete internos". Em outro trecho do documento, a comissão denuncia que os internos estavam sem água, inclusive usando a mangueira de incêndio para tomar banhos. "Não têm água para beber".

Na unidade 14 (que passou a funcionar em novo prédio após a rebelião), "os internos relataram que estavam há seis dias sem poder fazer barba, nem escovar os dentes e ainda afirmaram que estavam tomando água da privada para matar a sede."

"Vimos um cenário totalmente abominável de maus tratos. As unidades 14 e 23 foram as mais destruídas. Os menores fizeram relatos de que as torturas são constantes e que os próprios diretores das unidades 23 e 15 são acusados não só de mandar bater, mas de serem os próprios espancadores", disse o representante da Comissão da Criança e do Adolescente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Ariel de Castro Alves.

Embora a direção da Febem espere receber uma cópia do relatório para se inteirar do conteúdo, responder e encaminhar providências, a assessoria de imprensa informou que a rebelião do dia 4 deste mês deixou danos em muitas instalações e o curto prazo decorrido até a visita, de apenas cinco dias, não havia permitido os reparos necessários.