Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife – Cerca de 300 famílias de trabalhadores rurais ligadas ao Movimento Sem Terra (MST) - que ocuparam, na madrugada de hoje (12), a fazenda Barros, de 4,2 mil hectares, localizada entre os municípios de Glória do Goitá e Feira Nova - foram surpreendidas pela reação do proprietário.
Segundo o coordenador do movimento, Josias Sales, pouco depois da ocupação, o dono do imóvel, Ricardo Adalto, chegou armado ao local, acompanhado por três seguranças, que teriam ameaçado expulsar os trabalhadores.
Os agricultores, acrescentou Sales, portavam instrumentos de trabalho (foices e enxadas), mas, indignados com a reação de Adalto, quebraram parte da cerca da fazenda, atearam fogo em uma plantação de capim e cercaram o proprietário. O líder do MST disse que o conflito só foi evitado após a intervenção da Polícia Militar, que ordenou ao fazendeiro a saída da terra.
Em protesto, os trabalhadores interditaram com pneus queimados, pedras e paus um trecho da estrada PE 50, que dá acesso aos municípios de Feira Nova e Limoeiro. O promotor agrário, Edson Guerra, do Ministério Público, esteve no local e negociou com os agricultores a liberação da estrada.
O promotor disse ter explicado aos trabalhadores que a fazenda está em fase de coleta de certidões para a posterior vistoria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A vistoria terá fins de avaliação para constatar se a terra é passível ou não de desapropriação.
Após o entendimento, os trabalhadores retornaram à fazenda, onde estão montando acampamento. Eles dizem que só vão desocupar a área se o proprietário apresentar recurso judicial de reintegração e posse do imóvel.