Operação tapa-buracos executou 30% das obras no Amazonas e em Roraima

12/04/2006 - 14h00

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus – A operação tapa-buracos, do Ministério dos Transportes, executou, até agora, 30% do serviço planejado para o Amazonas e Roraima. A informação é do chefe de Serviço de Infra-Estrutura da 1ª Unidade de Infra-Estrutura Terrestre (Unit), Edson Cavalcante.

"Estamos em um período de chuvas, no qual é mais difícil trabalhar. A partir da segunda quinzena de maio nossa ação será intensificada", esclareceu, em entrevista hoje (12) à Radiobrás. A 1ª Unit é responsável pelas rodovias federais dos dois estados e está vinculada ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit).

A operação é a etapa inicial do Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Estradas (Petse). Ela foi iniciada no dia 9 de janeiro e deveria durar 90 dias – já o programa como um todo, que inclui obras mais complexas, como recuperação de pontes, tem término previsto para agosto. De acordo com dados da assessoria de comunicação do Dnit, em todo o país o programa cumpriu 48% da meta de recuperar 26,7 mil quilômetros de rodovias federais.

As rodovias Manaus-Porto Velho (BR-319) e Manaus-Boa Vista (BR-174) são as duas incluídas no programa no Amazonas e em Roraima. A planilha disponível no site do Dnit (www.dnit.gov.br) informa que as ações emergenciais devem ocorrer em 297 quilômetros da BR-319 (cuja extensão é de 878 quilômetros) e em 353 da BR-174 (que tem 700 quilômetros).

"Não são extensões contínuas, a gente vai fechar os buracos das áreas mais críticas. Mas isso não significa que resolveremos o problema nesses pontos, porque as duas são rodovias antigas [ construídas na da década de 70], que tiveram pouca manutenção", disse Cavalcante. "Elas estão sob tráfego, está chovendo muito, os buracos estão aumentando dia e noite. Além disso, aqui ainda não há um sistema de balança nas rodovias federais e o pessoal exagera nas cargas. O excesso de peso é o grande vilão do asfalto", acrescentou.

Segundo ele, na BR-174, o trecho mais crítico são os 125 quilômetros que cortam a terra indígena Waimiri-Atroari. "Lá as obras foram mais simples, porque dentro da reserva não se pode explorar as jazidas de pedregulho nem desmatar muito a lateral da estrada. O resultado é que o asfalto quase nunca fica seco", ressalvou.

Na BR-319, dos seus 878 quilômetros, 660 estão praticamente fechados, sem condições de trafegabilidade. A operação tapa-buracos soma-se às obras de recuperação e asfaltamento de 238 quilômetros a rodovia – iniciadas em julho do ano passado, mas interrompidas pela Justiça entre agosto e novembro, por não possuírem licenciamento ambiental. "Até agora conseguimos trocar os bueiros e terraplanar 20 quilômetros, mas só asfaltamos dois", revelou Cavalcante.

O primeiro-secretário do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Amazonas (Setcam), Augusto Neto, criticou a operação tapa-buracos pela demora e por não atender a todos os problemas emergenciais das duas rodovias. "Nós estamos aqui em uma ilha e necessitamos de fato dessas duas estradas. Uma para integração nacional [ a BR-319 recuperada poderia escoar a produção do Pólo Industrial de Manaus para o Centro-Sul ] e outra para integração internacional [ de Boa Vista, segue-se por terra até a Venezuela e o Caribe ]", observou .

Neto rebateu a afirmação feita por Cavalcante, de que o transporte de cargas seria o vilão das rodovias. "De fato as empresas não sindicalizadas aplicam uma tonelagem acima do permitido. Mas na entrada da BR-174 há balança, assim como na BR-319. Basta a fiscalização usar os equipamentos e atuar também no controle do peso", avaliou.