Economista aponta transtornos a usuários se for decretada falência da Varig

11/04/2006 - 19h40

Rio, 11/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - Uma eventual decretação de falência da Varig trará ao usuários da empresa pelo menos duas conseqüências, 20 ou 30 dias depois, de acordo com o coordenador de Estudos de Mercado e Regulação do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Ronaldo Seroa da Motta. Ele disse que a primeira delas é o desconforto nos vôos internos, para quem estiver com passagens da Varig compradas, "porque não se conseguirá acomodar de imediato todo mundo nos vôos das outras empresas".

A outra conseqüência se refere à realização da Copa do Mundo de futebol. Motta lembrou que "quem já adquiriu passagens para a Alemanha poderá sofrer algum transtorno para se realocar em vôos para aquele país e certamente alguns terão prejuízos". E sugeriu planejamento para minimizar os problemas desse momento de transição, "o que o governo parece já estar fazendo, preocupado em levantar informações para que seja bem feito".

O coordenador disse acreditar que as outras empresas aéreas também serão afetadas, tentando se organizar para cobrir os trechos da Varig. Apesar da possível redução na oferta de vôos, ele disse acreditar na tendência de o mercado acomodar empresas novas, inclusive estrangeiras.

Motta também disse entender a preocupação, que ocorre no mundo inteiro, em relação à possibilidade de domínio de uma empresa estrangeira, porque se percebe que uma empresa aérea, em momento de ameaça da soberania nacional, como em casos de guerra, se torna uma infra-estrutura importante para o país se defender ou atacar. "Então, é importante que se tenha nacionais no comando ou como proprietários dessas empresas", afirmou, acrescentando que caso isso não ocorresse, nada impediria uma intervenção.

Na avaliação do economista, fora esses aspectos, a abertura do mercado aéreo para companhias internacionais não significaria problema: "Haveria uma concorrência maior". Somente nos últimos dez anos, segundo Motta, o setor no Brasil saiu de um sistema de empresa dominante, ou seja, de monopólio, para um sistema mais competitivo.

"Exatamente por essa condição de monopolistas, as empresas se tornaram pouco eficientes", apontou. Ele explicou que como estavam no mercado há mais de 30 anos, essas companhias apresentavam um contingente da força de trabalho em tempo de se aposentar, o que cria um risco atuarial (de previdência) muito grande. As novas empresas, ao contrário, têm um regime previdenciário menos oneroso, o que permite que seus custos, "só por conta disso, sejam menores".