Complexo de Belo Monte prejudicará populações que vivem à margem do Xingu, diz militante

10/04/2006 - 20h56

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A paraense Antonia Melo, que faz parte da Coordenação Estadual das Mulheres do Campo e da Cidade, afirmou hoje (10) que a construção do complexo de hidrelétricas de Belo Monte, no rio Xingu, vai prejudicar as pessoas que vivem à margem do rio, indígenas e unidades de conservação ambientais.

Residente em Altamira, no Pará, e militante de diversos movimentos de defesa dos direitos da criança e da mulher, Antonia recebeu na semana passada, em Brasília, o Prêmio Nacional de Direitos Humanos. É também defensora do meio ambiente e dos direitos dos povos indígenas que vivem na região do Xingu. Atualmente, ela trabalha num projeto contra a instalação do complexo de Belo Monte.

Segundo Antonia, um projeto como esse vai prejudicar todo o trabalho realizado pelo governo federal, que criou unidades de conservação e garantiu que tanto as comunidades indígenas quanto extrativistas e de pescadores, que utilizam a bacia do Xingu diariamente, continuem na região. "Um projeto desse, de construção de barragens no rio, só viria colocar em prejuízo a vida das pessoas que moram na região do Xingu, que se tornaria um caos".

Antonia, que tenta mobilizar a sociedade e as comunidades indígenas contra o projeto, está também trabalhando junto ao Ministério Público Federal. Ela informou que já foi inclusive realizado um encontro entre índios da região e representantes de outras organizações contrárias à obra. Após o encontro, foi divulgada uma declaração contra a construção das hidrelétricas.

Segundo Antonia, os índios afirmam, na declaração, que a construção do complexo de usinas vai atingir suas terras e prejudicar a atividade agrícola. "Eles estão nos convidando para fazer uma grande aliança de indígenas, de organizações populares da região da Transamazônica e demais moradores da reserva para realizar uma grande mobilização", informou.

Também receberam o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, na 14ª Assembléia Nacional do Movimento dos Direitos Humanos, o Comitê Popular de Combate ao Trabalho Escravo e Degradante do Norte e Nordeste Fluminense e as entidades organizadoras da campanha "Quem não deve não teme", que procura mobilizar o estado da Bahia na fiscalização das contas municipais.

O prêmio é concedido a cada dois anos para ações e experiências, personalidades e organizações que tenham desenvolvido algum trabalho de destaque na promoção e defesa dos direitos humanos.