Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O deputado João Grandão (PT-MS), integrante da Comissão de Agricultura da Câmara, diz que o reajuste dos índices de produtividade das propriedades rurais do país pode diminuir o conflito no campo. "Aumentando esses índices você diminuiu a tensão no campo e dá a possibilidade efetiva de ocorrer a reforma agrária", disse ele em entrevista à Agência Brasil . Mas esse debate, quando chega naqueles que defendem o latifúndio, não tem ressonância. Isso é muito ruim."

Para ele, o debate sobre o reajuste dos índices não avança por causa do conflito de interesses. "A questão da atualização dos índices vai atender uma parcela da sociedade que defende literalmente a reforma agrária. E o Congresso tem uma composição muito desfavorável para aqueles que defendem esse aumento", afirmou o deputado. Ele disse que é um erro protelar o reajuste desses índices.

João Grandão lembrou que os índices utilizados atualmente foram estabelecidos em 1980, a partir de dados de 1975. "Estão completamente defasados. É como se você estivesse pagando a mensalidade de uma escola com um valor de 30 anos atrás, sem nenhum reajuste", comparou. No dizer dele, os agricultores não precisam se preocupar com a atualização dos índices, porque não se tem reforma agrária nas propriedades produtivas.

"O que não pode acontecer é esse índice de produtividade ficar defasado como está e qualquer propriedade que não está cumprindo a função social, por causa do baixo índice de produtividade, não poder ser fruto da reforma agrária", ressaltou.

João Grandão contestou a tese de que a atualização dos índices irá agravar a crise na agricultura. "A crise não passa pela questão do índice de produtividade maior ou menor. O índice está relacionado à questão da reforma agrária para atender um pressuposto constitucional, que é a terra cumprir sua função social. Tem latifúndio hoje que, mesmo com o índice de produtividade baixo do jeito que está, é improdutivo. A crise na agricultura passa para por uma política agrícola definida", defendeu o deputado.