Especial 10 - Estado não deveria se preocupar com quanto cada agricultor produz, defende Caiado

09/04/2006 - 10h30

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A discussão sobre a atualização dos índices de produtividade das propriedades rurais do país é "ultrapassada", no dizer do deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), líder da bancada ruralista na Câmara. Para ele, o que deve ser debatido é a crise na agricultura.

"Não podemos aceitar que o governo – sem ter uma política agrícola, sem cumprir a política de garantia de preços mínimos, nem ter uma política de seguro rural – queira criar normas técnicas sem saber do quadro de endividamento e total ausência de renda que passa o setor", afirmou Caiado em entrevista à Agência Brasil. Ele disse que o setor acumula um prejuízo de R$ 30 bilhões em duas safras.

Para Caiado, a discussão sobre reajuste dos índices de produtividade é "extrapauta" e "não tem sentido de ser priorizado". "Por acaso, o governo federal impõe um índice de número mínimo de carros que a Volkswagen tem que produzir? Ou, de acordo com o mercado, a Volkswagen dispensa funcionários, fecha os seus galpões e só volta a produzir quando o momento é o adequado? Alguma fabricante de geladeira ou de qualquer outra máquina é obrigada a cumprir um índice mínimo de produção ou isso fica a critério do empresário?", questionou o deputado.

Ele disse ser injusto fixar índices para apenas alguns setores da economia. "Não se podem criar ilhas que não sejam obrigadas a produzir e, no entanto, outros que são obrigados a ter que cumprir a vontade do humor dos ministros da reforma agrária e da agricultura. Não podemos ficar vulneráveis a esses dois", completou Ronaldo Caiado.

Os atuais índices de produtividade foram estabelecidos em 1980, a partir de dados estatísticos de 1975. Com a atualização dos índices, a expectativa destacada por movimentos sociais e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário é de propriedades rurais consideradas atualmente produtivas se revelem aptas a ser desapropriadas para a reforma agrária em regiões de alto nível de conflito fundiário, como o Sul e o Nordeste do país.