Morte de general torna mais tenso o clima político no Haiti, avalia professor

09/01/2006 - 17h22

Daniel Merli
Repórter da Agência Brasil

Brasília – "A situação já é desastrosa", define Camille Chalmers, professor de economia na Universidade Estatal do Haiti. Chalmers prevê que os conflitos do país devem piorar ainda mais após a morte do general brasileiro Urano Bacellar, comandante militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah).

Um sintoma desse agravamento, segundo Chalmers, é que a principal central de empresários do país, o Grupo 184, convocou hoje (9) uma greve geral contra a insegurança no país. O professor afirma que o protesto tem tido uma adesão ampla da população inconformada com a violência.

Na visão de Chalmers, o cenário político haitiano já está muito polarizado. De um lado, os industriais e partidos de direita e, de outro lado, os antigos aliados do presidente Jean-Bertrand Aristide, que foi tirado do poder em fevereiro de 2004.

"A repressão aplicada pela Minustah aumenta essa polarização, que não se pode resolver com força militar", disse, em entrevista por telefone, à Agência Brasil. Segundo ele, a miséria é "o miolo da crise social haitiana" e deveria ser resolvida com ações de solidariedade de outros povos, de incentivo à educação e economia local. Chalmers também é secretário-executivo da organização Plataforma por uma Alternativa de Desenvolvimento Sustentável.