Inflação em São Paulo foi a menor em sete anos e não deve mais preocupar governo, diz pesquisadora

09/01/2006 - 19h18

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O Índice do Custo de Vida (ICV), na cidade de São Paulo, subiu 4,54% em 2005, a menor elevação dos últimos sete anos, segundo os cálculos da pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Essa variação é a segunda mais baixa desde 1959 e só foi maior do que a apurada, em 1998 (0,49%). Sobre 2004, a inflação teve uma queda de 3,16 pontos percentuais. Naquele ano, o ICV havia indicado alta de 7,70%.

Em dois meses de 2005, houve deflação. Junho e julho registraram queda na taxa de 0,17% e foi mantida a estabilidade, em agosto. Na avaliação da coordenadora da pesquisa, Cornélia Nogueira Porto, "esse resultado de 2005 foi muito bom e superou as expectativas".

Ela disse que agora "a inflação deixou de ser uma variável de preocupação do governo federal". Diante disso, ela defende a avaliação da manutenção da rigidez monetária para o controle da taxa por meio de elevações da taxa básica de juros, a Selic.

Em sua previsão, o ICV, em 2006, deverá oscilar entre 3% a 3,5%, portanto, com alta inferior a de 2005.

Nos 12 meses de 2005, as maiores elevações foram verificadas em transportes, educação e saúde. Os gastos com transportes pesaram tanto no caso de quem tem carro próprio (7,75%) quanto para quem usa o meio coletivo (15%).

Houve aumento das tarifas de ônibus (17,65%); bilhete de metrô múltiplo de 10 (17,65%); bilhete de metrô múltiplo de 2 (16,67%); ônibus intermunicipal (15,29%); ônibus interestadual (14,46%); trem de subúrbio (12,28%).

Já em saúde, a assistência médica teve um reajuste em torno de 6,37%, enquanto os medicamentos e produtos farmacêuticos ficaram 6,43% mais caros. Entre os remédios, os que tiveram maior aumento foram os analgésicos com 9,81% e os utilizados para problemas respiratórios (8,55%).

Para compensar, os artigos de vestuário apresentaram queda (-0,25%). As roupas tiveram um recuo de preços de 3,02% e os calçados, alta de 4,39%. Para Cornélia Nogueira Porto, essa oscilação reflete a "decisão do consumidor em adiar compra de bens que podem ser postergados".

O mesmo aconteceu, em sua análise, com a recreação, que teve pequena alta de 0,89%. Já o grupo de despesas pessoais subiu 0,92%, resultado que engloba a alta de 1,70% nos produtos de higiene e beleza e queda de 0,31% em fumo e acessórios.

O grupo alimentação aumentou 3,14%. Mas o que mais pressionou foi o gasto com alimentação fora de casa, em restaurantes ou estabelecimentos do gênero, em que o paulistano encarou alta de 6,31%. Os produtos in natura estavam em média 3,06% mais caros e os itens industrializados, 1,73%.