CPI e Conselho de Ética vão atuar juntos contra tentativa de acordo para evitar cassações, diz Izar

09/01/2006 - 19h01

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios e o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados atuarão de forma conjunta, a partir de agora, para evitar qualquer tentativa de união de partidos políticos para promover um acordo que possa impedir a cassação de parlamentares envolvidos em esquemas de corrupção ou de compra de votos investigados pela comissão. O acerto foi feito hoje pelo relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e pelo presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP).

"Foi um encontro produtivo e necessário. A partir de agora, daremos todo apoio ao relator Osmar Serraglio e vamos trabalhar juntos. Havendo indício de qualquer acordo político, a primeira iniciativa será denunciar", afirmou Ricardo Izar. O parlamentar disse que que ele e o relator procurarão as bancadas dos parlamentares envolvidos com esquemas de corrupção para mostrar as denúncias e as oitivas de cada um.

Perguntado se essa suposta "operação abafa" contaria com a participação do PSDB, Serraglio disse que a CPMI não procura identificar partidos. Ele admitiu, no entanto, que existem "indícios de acordo".

Serraglio citou, por exemplo, a sessão plenária da Câmara em que foi votado, no ano passado, o processo de cassação do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG). "Todos viram a atuação intensa de parlamentares no plenário. Aquilo nos assustou", disse o relator, ao comentar a absolvição de Queiroz.

O relator da CPMI disse que jamais recebeu qualquer pressão de partido político no sentido de aliviar alguma investigação. Ele ressaltou, no entanto, que não pode dizer o mesmo quanto ao assédio de parlamentares. "A procura de parlamentares faz parte dos embates e interesses políticos. As vezes, você é abordado por emissários ou pelos próprios deputados", disse ele.