Chanceler reitera que acordos multilaterais são prioridade brasileira

29/11/2005 - 21h04

Brasília, 29/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - Apesar da falta de perspectiva em relação às negociações da Rodada de Doha, o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, reiterou que os acordos multilaterais, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), continuam sendo prioridade do governo brasileiro. E não apenas pela diversidade de nossos parceiros comerciais, mas principalmente pela impossibilidade de medir forças com os países desenvolvidos em negociações bilaterais ou regionais, acrescentou.

"A grande distorção que existe hoje é no comércio agrícola. Dentro dessa distorção, o principal é a existência dos milionários subsídios agrícolas, que perpetuam esses remanescentes do feudalismo que geram desemprego, fome e pobreza nos países me desenvolvimento", afirmou. "Não há como considerar essa questão no âmbito regional, numa eventual Alca [Área de Livre Comércio das Américas], nem no âmbito da União Européia. Só na OMC", avaliou Amorim, após audiência pública na Câmara dos Deputados.

O ministro disse acreditar que em uma "queda-de-braço" bilateral o Brasil jamais teria obtido vitórias contra os subsídios americanos ao algodão e europeus ao açúcar. "Seria impossível pensar, porque nem haveria um sistema de solução de controvérsias nem regras que permitissem o questionamento que fizemos", avaliou. "Uma negociação no plano regional, se não for contrabalançada antes com boas regras multilaterais, provavelmente comprometeria vários setores brasileiros", concluiu.

Lançada em 2001 na 4ª Reunião Ministerial da OMC, em Doha, capital do Catar, com o objetivo de estabelecer regras mais justas de comércio, a nova rodada de negociações – conhecida como rodada do desenvolvimento - não avançou em 2003, na 5ª Reunião Ministerial, em Cancún, no México, e foi prorrogada até 2007. A Cúpula de Honk Kong, marcada para dezembro, já é considerada um momento-chave da Rodada de Doha.