Organizações francesas conhecem programas habitacionais em São Paulo

13/11/2005 - 17h48

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Brasil e França vão trocar experiências positivas na área de habitação e urbanismo. Na última semana, representantes de quatro entidades sociais da França e uma do Senegal estiveram no Brasil para visitar projetos habitacionais no estado de São Paulo. As visitas, que terminaram hoje (13), fazem parte do projeto Observatório Internacional do Direito à Cidade (OIDC), uma iniciativa de cooperação franco-brasileira entre a Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) e a organização francesa Coordination SUD.

A programação incluiu visitas a diversos programas de habitação, mutirões, ocupações e favelas de São Paulo e São José dos Campos. Em São Paulo, foram visitadas as favelas de Heliópolis, o mutirão Conan, em Itajatuba, na zona leste, e o mutirão Oeste – Recanto da Felicidade, na Ocupação Pirituba.

"O objetivo desse programa é justamente verificarmos o que podem ser lições no Brasil que podem ser levadas para as instituições francesas para fazerem uma incorporação, e vice-versa", afirma o advogado urbanista e coordenador da visita ao Brasil, Nelson Saule Júnior. Em entrevista à Agência Brasil, Saule explicou que foram visitadas em São Paulo algumas favelas em áreas de risco e com sinais de pobreza extrema, mas que conseguiram se organizar e conquistar condições de moradia melhores.

Segundo Saule, muitas organizações populares lutaram junto aos governos por projetos habitacionais de boa qualidade e acessíveis à população de baixa renda. Em São Paulo, por exemplo, a delegação francesa visitou na região central um prédio de boa qualidade construído pela própria população. Eles também conheceram o projeto de uma organização popular que desenvolveu bons apartamentos a um custo acessível.

"Por exemplo, um projeto que foi negociado com a prefeitura na região do Butantã, que nós visitamos, se fosse feito por empreiteira, um apartamento de 40 m² estaria custando R$ 49 mil e o projeto que essa organização desenvolveu vai custar R$ 29 mil e a metragem é de quase 60m². Isso demonstra que é viável ter projetos adequados de moradia para essa população", explica.

Saule afirma que há uma perspectiva de que o Observatório Internacional do Direito à Cidade continue com os seus trabalhos nos próximos anos. "Ele será um instrumento que permitirá a leitura e análise de como estão sendo desenvolvidas as políticas urbanas e habitacionais tanto na França quanto no Brasil, através da leitura dessas próprias organizações populares".