Assembléia Popular reúne em Brasília 8 mil representantes de 40 movimentos sociais

25/10/2005 - 21h56

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília - A Assembléia Popular: Mutirão por novo Brasil reuniu hoje (25), no Ginásio Nilson Nelson, 8 mil pessoas representando 40 movimentos sociais de todos os estados do país. A cerimônia de abertura do encontro, que visa discutir dez grandes temas sociais, foi marcada por apresentações teatrais e musicais, e pela execução do Hino Nacional.

A irmã Delci, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fez o primeiro discurso e foi ovacionada ao afirmar que "aqui estão as nossas lutas e histórias que não podem ser votadas, nem serão, por governo algum, muito menos por instrumentos políticos". Ela acrescentou que os movimentos sociais buscam "transformações profundas, estruturais que tornem possível outra ideologia, outra política".

Já o coordenador do Movimento Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, ressaltou a importância histórica da cerimônia: "Nós devemos aproveitar esse momento e fazer com que essa Assembléia Popular seja um marco na história do país. É a primeira a ter a representação de mais importância da classe trabalhadora".

A expectativa, segundo um dos coordenadores do encontro, Luiz Bassegio, do movimento Grito dos Excluídos, é a de que as manifestações gerem projetos futuros: "Queremos sair daqui com programas, acordos que pautarão a nossa luta nos próximos anos". Ele destacou que os problemas do país "são imensos e nós só vamos superar essa situação se houver um grande mutirão de todas as forças sociais".

Neguinho Truká, líder indígena e representante de mais seis tribos de Pernambuco, afirmou que a Assembléia é um espaço para discussões com outros movimentos sociais: "O que nós buscamos é o respeito aos nossos direitos, o respeito à vida. É preciso parar de valorizar outras culturas, para o país valorizar a sua própria cultura".

Para a coordenadora da Assembléia, Sandra Quintela, do movimento Jubileu Sul, é a força dos movimentos sociais que promove a redução das desigualdades. "Graças à organização do povo conseguiu-se fazer nesse país um pouquinho de reforma agrária e urbana. Essa assembléia é um passo a mais na organização do poder popular", disse.

As palestras, debates e manifestações vão até sexta-feira (28) e abordarão valores, gêneros e etnias, sistema político, soberania e relações internacionais, trabalho, cidades, campo, economia, educação e cultura, e saúde. Para as 18 horas de amanhã (26) está prevista marcha ao Congresso Nacional, onde alguns membros da Assembléia permanecerão em vigília.