Navio parte do Rio de Janeiro em mais uma missão de pesquisa na Antártica

21/10/2005 - 14h14

Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio – O navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel partiu hoje (21), do Rio de Janeiro, para integrar a 24ª Operação Antártica. Eles vão realizar pesquisas nas áreas de biologia, meteorologia, climatologia e oceanografia na Estação Antártica Capitão Ferraz, a base do Programa Antártico brasileiro, e também farão pesquisas durante a viagem.

Além de 80 militares da Marinha, embarcaram seis pesquisadores de universidades e centros de estudos do país. Este primeiro grupo de pesquisadores será substituído por outros que chegarão à Estação em cinco vôos da Força Aérea Brasileira (FAB), durante todo o período. A operação vai durar cinco meses, tempo em que os militares vão ficar longe dos parentes.

O navio ainda faz uma parada no Brasil, no dia 24, quando estaciona no porto do Rio Grande do Sul. Parte definitivamente no dia 26, diretamente para a estação Capitão Ferraz, que deve ser alcançada em 8 de novembro. A volta ao Brasil está prevista para 4 de abril de 2006.

Famílias dos tripulantes foram se despedir na saída do navio, no Complexo Naval da Ponta da Armação, em Niterói, região metropolitana do Rio. A família do cabo da Marinha, Marco Antônio Veras, se atrasou. A mulher Priscila, a filha Mariana de sete meses e a sogra Dilma quase não chegaram a tempo, e conseguiram apenas uma rápida despedida. Dilma contou que o militar fez 26 anos nesta quinta-feira e comemorou a data em uma reunião de família. "É o filho que eu não tive, mas ele vai para cumprir a missão dele. Vai ser muito bom para ele. É uma oportunidade para a carreira. Peço a Deus que tome conta dele e de todos que estão indo", disse.

Entre os pesquisadores que partiram no Ary Rongel está a bióloga da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Elaine Alves dos Santos, de 24 anos. A mãe, Elizabeth, disse que a internet vai facilitar a comunicação enquanto Elaine estiver na Operação. Elizabeth disse que ser pesquisadora era um sonho antigo da filha. "Ela, com seis anos de idade, falou isso numa cartinha. Então, vendo ela sair em um navio desse e indo para a Antártica eu só me emociono", disse ela, com lágrimas nos olhos.

Para quem já esteve à frente de uma operação na Antártica, assistir à partida do navio também provoca emoção. O capitão de fragata, Joesi Leandro, que comandou a Operação Antártica anterior, disse que as condições ambientais de frio intenso são a maior dificuldade da permanência na Antártica, problema que é resolvido por um período de adaptação. "A adaptação do ser humano depende das necessidades. Você precisa se adaptar logo e ter condições normais para trabalhar", explicou.

O comandante destacou ainda a integração entre os militares e os pesquisadores. "O Programa Antártico brasileiro é um trabalho conjunto não só da Marinha, mas de diversos setores da sociedade, para que possamos manter a Estação na Antártica", disse.

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