Natal Sem Fome leva milhares ao Aterro do Flamengo

16/10/2005 - 14h14

Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Rio - O lançamento da Campanha Natal Sem Fome, no Rio, atraiu hoje milhares de pessoas vindas de vários bairros da cidade e municípios da Região Metropolitana. Como acontece nos últimos cinco anos, uma mesa com um quilômetro de extensão foi montada no Aterro do Flamengo, zona sul da cidade, com frutas, pães, doces e biscoitos, que, depois do lançamento oficial da campanha feito pelo coordenador da Organização Não-Governamental Ação da Cidadania, Maurício Andrade, foram recolhidos em poucos segundos pela multidão que aguardava com sacolas e caixas de papelão.

A faxineira Luci Ferreira, 36 anos, disse que saiu cedo de casa, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ela levou a filha, de sete anos, para ajudar a pegar frutas e biscoitos, alimentos que raramente consegue comprar com o salário que ganha.

"Tem muita coisa aqui e se está exposto é para a gente comer e levar também. Em casa muita gente não tem fruta, nem doce e não vai deixar para estragar. O ruim é que essa ação é só em um dia do ano", disse.

A mesa foi dividida em 28 grupos, representando o Brasil, os 26 estados e mais do Distrito Federal e cada um deles informava os respectivos índices de miséria. Os números são do Mapa do Fim da Fome II, feito pela Fundação Getúlio Vargas. Eles mostram que o Maranhão é o primeiro no ranking com o maior número de pobres (67% da população), seguido do Piauí (61%). Já São Paulo aparece com o menor índice (13,91%) de pobres na população.

Esta é a décima terceira edição da Campanha Natal Sem Fome, idealizada pelo sociólogo Herbert de Souza, morto em 1997. O coordenador da Ação da Cidadania, Maurício Andrade, disse que a campanha deste ano homenageia Betinho, que completaria 70 anos em novembro, por isso, segundo ele, a expectativa é de que a arrecadação supere a dos anos anteriores.

Os comitês de arrecadação estão espalhados por todos os estados e, no ano passado, foram recolhidas em todo o país quatro mil toneladas de alimentos não perecíveis e que depois foram distribuídas nas comunidades carentes cadastradas pela Ação da Cidadania.

"Esperamos criar uma onda de solidariedade a partir do Rio de Janeiro e nos próximos dois meses bater o recorde na arrecadação de alimentos. Acho que a população mais pobre tira da sua dispensa um quilo de feijão ou de arroz e isso deveria ser seguido pelos empresários", acrescentou Andrade.