Thomaz Bastos defende investigações e diz que PF vai ouvir dirigentes do PT

05/07/2005 - 23h10

Aloisio Milani
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou hoje que a Polícia Federal poderá convocar a direção do Partido dos Trabalhadores para prestar esclarecimentos sobre o suposto envolvimento de membros do partido nas recentes denúncias de corrupção. "Todo mundo tem que ser ouvido, inclusive os dirigentes do PT que têm sido mencionados. A Polícia Federal vai ouvi-los".

"A Polícia Federal não persegue os inimigos e não protege os amigos. Esperamos que não haja linchamentos, que as provas sejam suficientes para suportar as condenações, sejam elas judiciais ou políticas", completou Bastos. "A crise vai se resolver, mas vai se resolver sem impunidade, ao contrário de outras crises, punindo quem precisa ser punido, quem tenha culpa absolutamente estabelecida."

O ministro concedeu entrevista à imprensa em Brasília após se encontrar com os delegados e chefes das superintendências da Polícia Federal em todo o país. Bastos reafirmou que o governo está tomando medidas para apurar as acusações de corrupção desde o início das denúncias: "O governo está respondendo a todas as acusações com ações. Desde o primeiro dia foram afastadas pessoas em relação a quem havia suspeitas". "Foram determinadas investigações pelo presidente da República. Essas investigações estão sendo feitas com força, com vigor."

O ministro lembrou que as diferentes instituições têm trabalhado em conjunto nas apurações: "A Polícia Federal colabora com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. A PF investiga e colabora com o Ministério Público Federal. Então está se fazendo o que se deve fazer numa sociedade democrática onde as instituições funcionam".

Atualmente, existem várias frentes de investigação funcionando: a Controladoria Geral da União analisa contratos e licitações da Empresa de Correios e Telégrafos para apurar supostas irregularidades; a Polícia Federal investiga as denúncias de corrupção nos Correios, no Instituto de Resseguros do Brasil e o suposto pagamento de mesadas a parlamentares em troca de apoio ao governo. Procuradores do Ministério Público Federal acompanham os trabalhos da PF. Várias estatais também instalaram comissões de sindicância.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou o afastamento de toda a diretoria dos Correios e de parte dos diretores de Furnas Centrais Elétricas.

No Congresso, estão em curso apurações no Conselho de Ética, na Comissão Parlamentar MIsta de Inquérito que investiga suposto esquema de corrupção nos Correios, e em uma Comissão de Sindicância da Corregedoria da Câmara.