Comissão diverge sobre apuração de dinheiro enviado para o exterior

23/06/2004 - 20h16

Brasília, 23/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - Por falta de quorum, a reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga remessas ilegais de dinheiro para o exterior foi adiada pela quarta vez consecutiva, desta vez para as13h da próxima terça-feira (29), mas parlamentares que foram à reunião acabaram se envolveram em bate-boca e acusações de "partidarização" dos trabalhos da comissão.

"Isso está parecendo briga de duas turmas. Uma não quer apurar os problemas da outra. Isso está virando uma farsa. Vamos trazer todos os ladrões", cobrou ao relator, deputado José Mentor (PT/SP), o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), que disse não entender porque o ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, ainda não tinha sido convocado.

Mentor afirmou que não havia provas suficientes para a convocação de Maluf à CPMI. Já no clima de bate-boca, disse que não sabia se existiam "ladrões para serem chamados". No entanto, ressaltou ter "algumas dúvidas". Por isso, Mentor estaria decidido a marcar data e hora para o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, explicar os motivos que o levaram a criar as contas CC-5, que permitem o envio de dinheiro ao exterior sem a necessidade de justificação da origem.

O presidente da CPMI, Antero Paes de Barros (PSDB-MS), acusou o governo, por meio do Ministério da Justiça, de obstruir a remessa à comissão dos documentos de bancos suíços sobre supostas contas da família Maluf. O parlamentar disse que, na reunião da próxima terça-feira, vai mostrar aos parlamentares "a organização do governo para defender Paulo Maluf".

O relator também não deixou esta acusação sem resposta: "O senador Antero Paes de Barros deve conter suas palavras. Além de falar, ele deve comprovar. Neste caso, acho que ele não tem provas". Perguntado se a campanha para a prefeitura de São Paulo estaria interferindo nos trabalhos da comissão, José Mentor disse que "a campanha de São Paulo está correndo
muito bem e lá eu vou fazer a trabalhar pela reeleição da prefeita Marta Suplicy".