Manifestantes páram Boa Vista

07/01/2004 - 19h25

Brasília, 7/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - O dia foi de tensão hoje em Boa Vista, capital de Roraima. Até o final da tarde a cidade estava sitiada por manifestantes contrários à homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol.

Segundo o vice-prefeito de Uiramutã (RR), José Novaes, um dos integrantes da manifestação, as estradas estão interditadas e postos de gasolina e comércio fechados. "A capital parou", informou.

Desde a madrugada de terça-feira, posseiros e indígenas invadiram a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), um posto de saúde e uma escola e fizeram reféns três padres e um colombiano que estava de passagem pela capital, em protesto pela homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol.

O vice-prefeito disse que os reféns estão sendo bem tratados. O padre Ronildo França, um dos reféns, em entrevista à Voz do Brasil, confirmou que não estão sendo maltratados. "Na verdade desde ontem dormimos bem, apesar da ansiedade para que esse conflito termine e voltemos às nossas casas", contou. "Tivemos muita calma. Estão nos tratando muito bem e disseram que nada vai acontecer conosco, se tudo acontecer como esperado", revelou.

Manifestantes e reféns pedem uma ação do governo. No final do ano passado, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, anunciou a homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol. A reserva ocupa 1,7 milhão hectares do estado e foi demarcada em 1998. Desde então a região enfrenta conflitos com fazendeiros que não querem sair das terras. Dados da Funai indicam que vivem na Raposa Serra do Sol cerca de 15 mil índios e 675 brancos.

O ministro da Justiça pretende continuar com as negociações. De acordo com a sua assessoria, o ministro conversou hoje com o governador do estado, Flamarion Portela, para tentar achar uma saída pacífica para o impasse.

"Nossa expectativa é que haja uma resposta de Brasília o quanto antes, porque nossa liberdade depende desta decisão", disse o padre Ronildo. Mas segundo o vice-prefeito José Novaes, "os reféns continuam presos até os problemas serem solucionadas. E serão liberados após realizarem laudo médico para garantir que não sofreram lesão corporal".