Rio/ Agencia Brasil (02/06/03) - O ministro da Cultura, Gilberto Gil participou hoje, no Rio, da inauguração da Casa de Cultura da Rocinha, na zona sul do Rio. A Casa de Cultura não é um projeto do ministério, mas a comunidade vai ser uma das duas primeiras beneficiadas com a instalação da Base de Apoio à Cultura (BAC), programa do governo federal. A BAC da Rocinha vai funcionar em um terreno onde hoje está uma garagem de ônibus. A empresa de transportes vai ganhar um terreno em outro local da cidade, que ainda está sendo escolhido.
A outra BAC será instalada no Distrito Federal. Gilberto Gil espera que dentro de um ano, já estejam instaladas 50 BACs, ao custo de R$ 70 milhões. Segundo o ministro, os recursos estão sendo negociados com a Petrobras e com duas empresas da iniciativa privada. Ele afirmou que o Ministério da Cultura não vai dispor de recursos para o programa porque está sem margem de gastos. "No nosso caixa não há dinheiro, se tivéssemos já estaríamos tocando uma série de projetos. Nós estamos em uma dificuldade muito grande mesmo. Nosso orçamento tem o suficiente precariamente pra custeio para pessoal e algumas atividades que seria impossível não continuar".
Durante a inauguração o ministro se emocionou enquanto discursava e disse: "Aproveito para rogar, pedir, elevar nossos corações, agora, em conjunto ao espírito do mundo, o espírito da vida para que ele esteja conosco o tempo todo." Chorando, acrescentou: "para que ele nos dê a força no sangue e na alma pra gente continuar fazendo essas coisas pelo Brasil. Pra gente definitivamente criar a nossa comunidade brasileira, de irmandade e solidariedade".
Depois de cortar a fita de inauguração e já refeito da emoção o ministro deu lugar ao cantor. Gilberto Gil cantou, com todos que estavam presentes, mesmo sem acompanhamento musical "Esperando na Janela", dos compositores Targino Gondim, Manuca e Raimundinho do Acordeon, que faz parte da trilha sonora do Filme "Eu, Tu e Eles".
Vários artistas estavam presentes à inauguração, entre eles o cantor Zeca Pagodinho e os atores Malu Mader e Murilo Rosa.
Gilberto Gil reagiu à crítica de que a mulher dele, Flora Gil, tenha agido com falta de ética quando conseguiu patrocinadores para a instalação da Casa de Cultura da Rocinha. "O que ela fez é uma coisa para a qual eu só tenho aplausos, que foi se dedicar a fazer isso aqui. Arrumar os recursos, a ajudar o pessoal, a articular a comunidade. Foi o que ela fez e agora sai deixando isso aqui com a comunidade". Ele lembrou que dona Ruth Cardoso, quando presidia o Programa Comunidade Solidária, também arranjava parcerias para os projetos e nem por isso diziam que ela estava usando o nome do presidente Fernando Henrique. "Eu trabalhei durante oito anos com a dona Ruth no Comunidade Solidária e dona Ruth ia buscar recursos onde quer que eles estivessem pra tocar os programas e eu só aplaudia dona Ruth quando ela fazia isso. Agora estou aplaudindo a Flora por estar fazendo, também acho muito bom", acrescentou o ministro.
Flora Gil esclareceu que trabalha na captação de recursos para projetos culturais há muito tempo e que entre os patrocinadores estão empresas que já fizeram parcerias com ela em outros trabalhos, como a Petrobras e a Embratel, além da Unesco. Ela afirmou que se tivesse outra profissão, e após a posse do marido no governo começasse a pedir patrocínios, aí sim, poderiam dizer que usava o nome do ministro. Flora Gil informou que ajudou a organizar o projeto e conseguiu os recursos, serviços, pelos quais não recebeu pagamento. Disse ainda que a atriz Patrícia Pillar também demonstrou interesse em ajudar na organização e captação de recursos para projetos culturais e "ninguém vai poder dizer que ela está usando o nome do marido, o ministro Ciro Gomes".
Desde 2000 Flora Gil vem trabalhando em projetos sociais e culturais para a comunidade da Rocinha.
