Dicionário revela personalidades femininas do Brasil desde o Descobrimento

15/03/2003 - 11h53

Campo Grande, 15 (Agência Brasil - ABr) - De A a Z, os feitos de Amélias, Marias, Carlotas, enfim, de 830 mulheres que desde 1500 até 1975 desempenharam importante papel na história do Brasil estão relatados no Dicionário Mulheres do Brasil. O livro é um dos produtos do Projeto Mulher 500 Anos Atrás dos Panos, desenvolvido pela Redeh (Rede de Desenvolvimento Humano), organização não governamental coordenada pela escritora e uma das principais ativistas do Movimento Feminista Brasileiro, Schuma Schumaher.

Ela está em Campo Grande a convite do governo do Estado prestigiando a Feira Mulheres em Movimento e às 20h, de ontem faz palestra e lançou o Dicionário Mulheres do Brasil em noite de autógrafo no Teatro Aracy Balabanian.

Na pesquisa feita pela equipe coordenada por Schuma, nomes de mulheres até então excluídas da história oficial, ocultas atrás de seus maridos ou relegadas a segundo plano, ganham destaque em relatos minuciosos e contextualizados, mostrando que em todas as épocas, a despeito do preconceito e das imposições culturais, a mulher sempre teve voz ativa e mostrou força e inteligência.

Schuma Schumaher cita como exemplo Ana Pimentel, esposa de Martim Afonso de Souza, governador da Capitania de São Vicente no início do Século XVI. Ele governou por apenas dois anos a Capitania, sendo chamado a Portugal e posteriormente, nomeado para um cargo na Índia. Nunca mais voltou à colônia. "Foi Ana Pimentel quem governou de fato a Capitania por mais oito anos", afirma a escritora.

Mato Grosso do Sul está muito bem representado no Dicionário Mulheres do Brasil, com vários nomes ilustres. Mas o destaque apontado por Schuma foi para a corumbaense Carmem Portinho. "Se hoje somos cidadãs, ela é responsável por isso", assegura. A engenheira Civil Carmem Portinho ajudou a fundar, em 1922, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, organização que teve forte influência política na época. Anos depois, o presidente Getúlio Vargas instituía o voto feminino e garantia outros direitos às mulheres, que eram bandeiras da entidade chefiada por Carmem Portinho. Como engenheira, foi pioneira na construção de moradia popular no Brasil, projetando dois conjuntos habitacionais na cidade do Rio de Janeiro.