FHC ativa o Sivam e volta a rebater críticas ao projeto

25/07/2002 - 20h59

Manaus, 25 (Agência Brasil - ABr) - Em discurso hoje, no Centro Regional de Vigilância Aérea de Manaus, durante a inauguraçâo do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), o presidente Fernando Henrique Cardoso destacou a importância da participação da empresa norte-americana Raytheon na transferência de tecnologia para consolidação do projeto implementado pelo governo a partir de 1997. A Raytheon fez a transferência tecnológica ao Brasil do Código Fonte, que permite o desenvolvimento tecnológico, a compreensão e a integração das várias informações recebidas pelo Sistema.

"É dessa maneira que se avança, e se fez isso porque foi possível a abertura desse código por nós, graças à participação Raytheon, e quando se fez o lançamento do projeto se incluía a necessidade de que houvesse esse tipo de transferência tecnológica", disse o presidente. No entanto, ele relembrou que, apesar das partes fundamentais do Sivam terem sido importadas, a concepção e a integração desssa partes foram feitas por brasileiros. "É uma afirmação também de competência tecnológica do Brasil", frisou o presidente.

O presidente Fernando Henrique disse ainda que o Sivam poderá ser utilizado no controle do narcotráfico pelo governo colombiano e pelos governos dos demais países vizinhos-Bolívia, Peru, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Essa possibilidade foi discutida no encontro recente, em Brasília, entre Fernando Henrique e o presidente eleito da Colômbia, Alvaro Uribe.

"Estou convencido de que esse sistema que nós estamos hoje inaugurando terá uma grande êxito para o Brasil, um êxito que poderá estender-se para os países vizinhos, se eles asim desejarem, porque as questões do desenvolvimento da Amazônia exigem uma perpectiva de integração", disse. Ele destacou que os governos brasileiro e colombiano vão atuar juntos com esse objetivo. "Tendo em vista o alcance regional do Sivam nós vamos trabalhar para que seus serviços também possam ser usados pela Colômbia, para o controle de aviação na região de fronteira, de modo a aumentar a eficácia dos programas de combate ao narcotráfico".

Fernando Henrique voltou a rebater as críticas feitas ao Sivam, projeto avaliado em US$ 1,4 bilhão, que já está com 75% de sua estrutura concluída. "Este é o momento da culminação de um longo trabalho realizado por diversos órgãos do governo que marca um divisor de águas na história dessa região. O Sivam/Sipam foi um projeto que sofreu críticas, incompreensões, mas que se confirmou uma iniciativa que era inadiável, imprenscindível mesmo para darmos direção ao desenvolvimento futuro da Amazônia. Há muita gente que fala sobre a importância da nossa soberania e é importante que se fale, mas importante mesmo é exercer efetivamente a soberania. É o que estamos fazendo hoje: estamos pondo em funcionamento um sistema que nos dará condições para o controle mais efetivo sobre o território e sobre o espaço aéreo de toda a Região Amazônica".

As críticas ao Sivam, conforme o presidente, foram sentidas por ele e pelos que trabalharam no projeto. "Há uma expressão em português que diz que estamos curtidos. É verdade, mas dói. Eu sei que dói, mesmo sendo couro, dói. Mas a alegria, depois, ao ver o trabalho realizado, ao ver que com o tempo a história reconhece, tudo que é pequeno desaparece e tudo que é grande se amplia. Esta é uma obra grande, vai se ampliar", afirmou.

Fernando Henrique também agradeceu ao Congresso Nacional pela aprovação da proposta de criação do Sivam encaminhada pelo Executivo. Ele citou nominalmente os senadores Bernardo Cabral (PFL/AM), e Ramez Tebet (PMDB/MS), além do líder do governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio (PSDB/AM), pelo empenho na aprovação do projeto.