Sérgio Amaral viaja para a Argentina nesta quinta-feira

19/03/2002 - 22h26

Brasília, 19 (Agência Brasil - ABr) - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, afirmou nesta terça-feira que o fim das restrições comerciais entre Brasil e Argentina é o principal motivo de sua viagem àquele país, na próxima quinta-feira. O ministro informou que, pelo lado argentino, há medidas que foram tomadas quando o peso estava equiparado ao dólar e que hoje não se justificam.

Já do lado brasileiro, existe a disposição de colocar sobre o mesa o acordo automotivo. Ano passado, a Argentina exportou para o Brasil U$ 1,9 bilhão. Em contrapartida, as exportações brasileiras para a Argentina somaram pouco mais de U$ 1 bilhão. "Boa parte do saldo comercial que a Argentina obteve em relação ao Brasil, de aproximadamente de U$ 1,2 bilhão, foi obtido neste setor", disse.

Por causa do superávit no setor automotivo, a Argentina extrapolou as cotas do acordo existente para este setor. E sobre o excedente incidem sobretaxas de até 30%. É a flexibilização deste acordo que o ministro espera negociar na Argentina. Ele admitiu que a abertura comercial beneficiará, sobretudo, o lado argentino, tendo em vista a retração econômica argentina. "Se eles aumentarem o saldo comercial, como acredito que aumentarão, esta será a contribuição do Brasil ao governo e aos empresários argentinos nesses momentos de transição difícil", justificou. Brasil e Argentina são sócios de um acordo de livre comércio, e o conjunto de restrições ainda existentes nas relações comerciais bilaterais "é entulho de uma época que não existe mais", concluiu Sérgio Amaral.

O ministro tratará também da retomada das discussões sobre as mudanças no Convênio de Crédito Recíproco (CCR), argumentando que, se as modificações não forem suficientes para desobstruir a pauta de pagamentos, será necessário pensar em outro mecanismo para agilizar o processo de pagamentos.

O entrosamento de cadeias produtivas brasileiras e argentinas será outro assunto abordado na viagem do ministro. "Poderemos começar pelo setor de móveis", afirmou, citando o setor têxtil como apto a produzir também em regime de complementareidade. O ministro quer convencer os argentinos sobre as vantagens da promoção comercial conjunta de produtos, anunciando que o processo já foi iniciado com a China e que em sua próxima viagem à China, o ministro da Produção da Argentina fará parte de sua comitiva. "Pela primeira vez, um ministro argentino falará num seminário de promoção comercial organizado pelo Brasil. E assim teremos o Mercosul junto, abrindo mercados e demonstrando clara determinação de parceiros", concluiu.