Brasília, 28 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Fernando Henrique disse hoje, em palestra a empresários, que ainda tem 10 meses de governo pela frente e, nesse período, vai concentrar esforços em questões como segurança pública, reforma tributária, taxa de juros e dengue. "Eu não vou me aposentar. Vou trabalhar até 31 de dezembro", enfatizou. Ele participou do encerramento do XII Congresso da Confederação das Associações Comerciais do Brasil, que se realiza em Brasília desde a última quarta-feira.
No que se refere à reforma tributária, o presidente dividiu a responsabilidade com o Congresso Nacional. Ele ressaltou que existem propostas prontas para serem votadas mas que, por problemas políticos, não foram nem formadas as comissões para discutí-las. "Sabemos que nosso sistema é distorcido. Então, porque não votar? Algumas propostas, eu não entendo porque não se vota. E ainda dizem que é o presidente que não quer", enfatizou.
Fernando Henrique destacou que é preciso consenso nacional sobre essa questão, com "mais esclarecimentos e boa fé, e menos demagogia". Ele reconheceu que o atual sistema tributário emperra o progresso econômico e defendeu a implantação de um imposto único (o Imposto sobre Valor Agregado - IVA) em todo o país, com alíquota de 5%. FHC elogiou a aprovação no Congresso da Lei de Responsabilidade Fiscal e a isenção da cobrança da CPMF para aplicações nas Bolsas de Valores.
Quanto às taxas de juros, Fernando Henrique reconheceu que ainda estão altas, mas destacou os esforços do governo no sentido de se chegar a uma taxa que não provoque tantos impactos sobre o empresariado, embora os índices ainda sejam necessários neste momento. O presidente defendeu o controle fiscal como forma de garantir a redução das taxas de juros sem prejuízo da estabilidade. "Se não se fizer isso, acontece um desastre. E o desastre não está muito longe, não. Basta olhar um pouco ao Sul", disse o presidente, referindo-se à atual crise argentina. Mas admitiu que seria "irresponsável" baixar os juros neste momento.
Fernando Henrique também fez um balanço das ações sociais dos últimos sete anos, e disse que o governo ainda tem vários desafios pela frente, como reduzir ainda mais o índice de 30% dos brasileiros que estão abaixo da linha da pobreza. Neste sentindo, ele criticou as pessoas que defendem o retorno da inflação. "As pessoas que pregam a inflação, pregam a miséria. As políticas de controle da inflação não são para defender mercado, mas o bolso de todos, especialmente o dos mais pobres", ressaltou.
Outro desafio do governo, na avaliação de Fernando Henrique, é combater a epidemia de dengue que atinge o país. "Nunca o governo combateu tanto as epidemias, e a dengue está aí", disse. Ele fez um apelo para que a população se engaje no combate aos focos da doença, e disse que o governo vai intensificar as campanhas para incentivar os brasileiros. "Tem que haver uma mobilização geral", resumiu.
